Mais inclusivo e diverso. É assim que a AGCO, companhia que tem em seu portfólio marcas como Massey Ferguson e Valtra, quer que seja o ambiente de trabalho. Desde 2018, o conceito trazido pela palavra Trait (que se refere, na sigla em inglês, a Espírito de Equipe, Respeito, Responsabilidade, Integridade e Transparência) tem sido o fio condutor da gestão de pessoas da companhia.
— Empresas sustentáveis serão as que tiverem diversidade e inclusão — pondera Sheila Fonseca, primeira mulher à frente do cargo de vice-presidente de Recursos Humanos da AGCO América do Sul.
Com formação e pós-graduação em Psicologia, especialização em Gestão de Recursos Humanos e mestrado em Liderança, soma quase uma década na companhia e 26 anos de experiência na área. A participação feminina em cargos de liderança, aliás, é uma das metas da empresa.
Com mais de 20 mil colaboradores e presença em 150 países, a companhia tem no Rio Grande do Sul um importante polo de produção — com unidades em Canoas (tratores), Santa Rosa (colheitadeiras ), Ibirubá (plantadeiras e implementos), Passo Fundo e Marau (silos). Sheila abre o espaço Profissão Agro, em que a coluna se propõe a trazer entrevistas com especialistas e personagens para falar sobre o universo de oportunidades profissionais existentes no setor do agronegócio. Abaixo, trechos da conversa.
Como a AGCO trabalha a questão da diversidade em suas unidades?
O programa Trait (Espírito de Equipe, Respeito, Responsabilidade, Integridade e Transparência) vem sendo, desde 2018, a base da gestão de pessoas. Empresas sustentáveis serão as que tiverem diversidade e inclusão. Não é só diversidade em gênero, raça, é cultural, de experiências. Isso vai desde o estagiário até os executivos da empresa. O consumidor também é diverso. A AGCO busca ser diversa de gênero, de idade. Temos políticas de gestão de pessoas que privilegiamos. Queremos fortemente aumentar o número de mulheres, não só na liderança. E, embora atuamos no segmento agro, não buscamos só pessoas do setor.
Há algum espaço em que a diversidade de gênero, principalmente, representa um desafio?
Algumas são mais fáceis, outras mais difíceis. Isso acontece mais em engenharia e manufatura, há espaço para crescer. Como temos essa visão de longo prazo, tentamos ter o equilíbrio. Às vezes, é melhor investir nas competências que a pessoa não tem ou abrir mão de algumas competências.
Vocês fazem um levantamento para mapear a diversidade na companhia?
Sim, fazemos. Acho que nos próximos três anos teremos um equilíbrio muito maior, principalmente porque estamos trabalhando desde o início (desde o processo seletivo para o estágio). Vamos mudar o patamar. Hoje, tenho dois componentes. Um deles é que não tínhamos muitas mulheres em Engenharia. Outra coisa é a atratividade do agro. Antes tínhamos de buscar as pessoas. Hoje é o contrário.
O que tornou o agronegócio atrativo do ponto de vista profissional?
Primeiro, a contribuição na economia, o fato de ser o setor que sustenta o PIB do Brasil. O agro é tão vasto, que tem um mar de oportunidades. Outra coisa é o dinamismo. Também houve uma inversão daquele movimento das pessoas que iam do campo para a cidade. Acho que tudo isso despertou atratividade. A AGCO é uma das maiores do mundo, vem com apelo sustentável de negócios. E tem ainda o propósito de trabalhar para alimentar o mundo.
No RS, o sindicato das indústrias de máquinas diz que tem empresa realizando treinamento para conseguir preencher as vagas, porque falta gente. Esse é o caso da AGCO?O agro está crescendo e vai crescer muito. Primeiro, sempre admitimos na base. Capacidades podem ser desenvolvidas. O que faço é promover quem já está dentro e criar novas oportunidades, treinar na função básica. Só em manufatura, foram admitidas 900 pessoas no país em 2020. Exceto em posições específicas. Às vezes, é preciso buscar no mercado.
Que características deve ter a pessoa que busca uma carreia no agronegócio?
Tem de gostar de poeira. Embora seja importante dizer que tem muita oportunidade que não é no campo. É um perfil de agilidade, simplicidade e resolução de problemas. O mercado está se movimentando muito. A exigência do consumidor final é muito diferenciada, esse segmento está muito baseado em tecnologia. Então, tem de ser pessoas com "mind set" digital. Competência a gente desenvolve.