A combinação de volume expressivamente maior (e recorde) com preços valorizados faz com que a soja dê sua parcela de contribuição à economia gaúcha mesmo “fora de época”. O substancial avanço apontado pelo Departamento de Economia e Estatística da Secretaria do Planejamento, evidencia, é claro, a recuperação da estiagem que assolou o Estado e encolheu lavouras em 2020. Mas o crescimento de 42,2% do primeiro trimestre deste ano em relação ao anterior já tem uma pitada do resultado positivo do grão.
— Se espera impacto maior no segundo, mas o cenário foi tão positivo para a soja que já contribuiu para a taxa do primeiro trimestre — pondera a pesquisadora e coordenadora da Divisão de Análise Econômica, Vanessa Sulzbach.
É porque, pesar de reduzido, já há um percentual de soja colhida que entra no cálculo do PIB do primeiro trimestre. E daí, o efeito presente. Que se soma a outros produtos com desempenho importante no período: milho, uva e tabaco, todos com crescimento de produção sobre o ano passado.
O arroz, produto importante do período foi o único que não sofreu impacto negativo da estiagem. E poderá ajudar a puxar ainda mais para cima os dados do primeiro trimestre, em eventual revisão. O cálculo apresentado agora leva em consideração uma colheita para o cereal 0,8% menor do que a de 2020. Números finais da safra mostram, no entanto, que a produtividade bateu novo recorde e elevou a produção, para além do ciclo anterior.
Na comparação com o quarto trimestre de 2020, o crescimento da agropecuária também é expressivo, 35,7%porque a estiagem afetou culturas de final de ano, como a do trigo.
Economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz reforça a estimativa de que o segundo trimestre venha com alta ainda mais forte do setor, que vai além da recuperação depois do tombo decorrente da estiagem. Ele chama a atenção, também, para outros setores que se expandem na esteira do agro:
– O RS deverá ter um crescimento bem forte pelo crescimento da agro.
Como exemplo, cita a performance da indústria de maquinas e implementos agrícolas, que teve o melhor quadrimestre da história. O DEE aponta que, na comparação do primeiro trimestre de 2020 com o de 2021, as fabricantes tiveram aumento de 55,9%.