O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Sob efeito da estiagem e da pandemia de coronavírus, as exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul caíram 16,1% em 2020. No período, o Estado vendeu ao Exterior US$ 10,1 bilhões em produtos ligados ao setor primário, o que representa redução de US$ 1,9 bilhão frente 2019. O volume embarcado pelo Estado rumo ao mercado internacional totalizou 19,8 milhões de toneladas, recuo de 12,5% em comparação com a temporada anterior. Os dados foram divulgados, nesta quinta-feira (11), pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) vinculado à Secretaria de Planejamento.
O desempenho no ano passado foi afetado, principalmente, pela quebra na safra de verão. Os negócios do chamado complexo soja, que envolve grão, farelo e óleo, totalizaram US$ 3,8 bilhões, recuo de 23,5%. O volume vendido chegou a 10,9 milhões de toneladas, tombo de 22,7%
— A estiagem foi um fator determinante para a redução das exportações gaúchas. O ritmo de venda da soja vinha intenso até o terceiro trimestre, mas na parte final do ano faltou grão — aponta Sérgio Leusin Junior, pesquisador do DEE.
As vendas de fumo também encolheram, na carona da redução da safra do Estado. A receita alcançou US$ 1,3 bilhão, com queda de 24,7% em valor e 7% em volume. Já os produtos florestais renderam US$ 957,4 milhões ao Estado, tombo de 37,7% em valor, mesmo com diminuição de apenas 1% no volume embarcado.
Por outro lado, as carnes figuram como o destaque positivo da pauta gaúcha. A comercialização de cortes de frangos, bovinos e suínos atingiu US$ 1,9 bilhão, elevação de 16,9% na comparação com o período anterior. Foram enviados a outros países, principalmente para a China, 1,1 milhão de toneladas de alimentos, acréscimo de 23%.
Puxados pelos negócios envolvendo o arroz, o nicho de cereais, farinhas e preparações também ampliou a receita obtida com exportação. Em 2020, foram obtidos US$ 662,6 milhões, alta de 19,1% em valor e de 9,9% em volume.
No conjunto de vendas do Rio Grande do Sul, a China respondeu pela maior parte das compras, 41,1% no total. Na sequência aparecem União Europeia (13,8%) e Estados Unidos (4,7%).
O DEE ainda destacou que, apesar dos efeitos do tempo seco e da pandemia na economia gaúcha, o agronegócio do Rio Grande do Sul criou 11,6 mil postos de trabalho formais em 2020. Construído a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o resultado destoa do desempenho geral do Estado no período, que fechou mais de 20,2 mil vagas com carteira assinada.
Receita das exportações
- 2019: US$ 11,99 bilhões
- 2020: US$ 10,07 bilhões
- Variação: -16,1%
Receita por produto
Soja
- 2019: US$ 4,99 bilhões
- 2020: US$ 3,81 bilhões
- Variação: -23,5%
Carnes
- 2019: US$ 1,7 bilhão
- 2020: US$ 1,99 bilhão
- Variação: +16,9%
Fumo e seus produtos
- 2019: US$ 1,77 bilhão
- 2020: US$ 1,33 bilhão
- Variação: -24,7%
Produtos florestais
- 2019: US$ 1,54 bilhão
- 2020: US$ 957,4 milhões
- Variação: -37,7
Cereais, farinhas e preparações
- 2019: US$ 556,3 milhões
- 2020: US$ 662,6 milhões
- Variação: +19,1%
Couros e peleteria
- 2019: US$ 343,7 milhões
- 2020: US$ 308,7 milhões
- Variação:-10,2%
Máquinas e implementos agrícolas
- 2019: US$ 297,3 milhões
- 2020: US$ 229,9 milhões
- Variação: -22,7%
Fonte: DEE, com dados do Ministério da Economia