O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Cultura associada principalmente à agricultura familiar, o fumo vem perdendo espaço nas propriedades do Rio Grande do Sul. Nesta safra, a área plantada no Estado, que ainda é o maior produtor nacional, chegou a 123,3 mil hectares. Conforme registros da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), é o menor tamanho registrado na história. Nas últimas cinco temporadas, o espaço destinado ao plantio do tabaco caiu 15%.
O presidente da Afubra, Benício Werner, avalia que um conjunto de fatores faz com que a atividade esteja encolhendo no Estado. Entre os elementos que explicam a redução, estão a falta de sucessores nas propriedades, a frustração com safras anteriores e o avanço de outras culturas mais rentáveis, como a soja.
– O Rio Grande do Sul historicamente respondia por mais de 50% da produção da região Sul, mas vem caindo (nesta safra deve responder por 43% da produção). Esse ano chegamos ao menor plantio que já tivemos – sintetiza Werner.
A tendência é de que a cultura siga perdendo espaço nos próximos anos, na avaliação do presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva. O dirigente lembra que a cultura é uma das mais desgastantes fisicamente para o produtor.
– A cada ano veremos mais gente saindo da atividade. Os filhos saem de casa e ficam nas propriedades só os casais de pais, com idade avançada, que acabam desistindo do fumo. O lucro não é grande e eles não têm como pagar mão de obra durante a colheita – relata.
Mesmo com a área menor, o Rio Grande do Sul deverá colher uma safra maior de fumo no ciclo 2020/2021. A expectativa é de que sejam obtidos 263,9 mil toneladas do produto, avanço de 8% em relação à temporada passada. No período 2019/2020 a estiagem levou à quebra de lavouras, em especial na Metade Sul, que concentra parte expressiva do plantio gaúcho.
Neste ano, mesmo com a volta do tempo seco, os impactos serão menores, já que as regiões mais afetadas pelo clima possuem pouco tabaco plantado. No momento, cerca de 40% da colheita está realizada.