Um smartphone, um microfone preso à roupa e um gimbal (estabilizador de imagem para celular) são os itens levados à lavoura de tabaco por Giovane Weber, 42 anos. Os equipamentos passaram a acompanhar o produtor desde que saiu do anonimato no interior de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, para se transformar em um influenciador digital.
Fumicultor desde os 18 anos, Weber conhece bem a realidade da colônia, onde vive com a família. Na linha Cerro Alegre Alto, cultiva oito hectares de tabaco – além de produzir leite, ovos e milho. E foi ao calcular a quantidade desses produtos que precisava vender para abastecer o trator que viralizou na internet.
Em outubro de 2017, gravou um vídeo falando que, para pagar os 57 litros de óleo diesel tinha de vender 181 litros de leite, ou 41 dúzias de ovos ou, ainda, sete sacas de 50 quilos de milho. O conteúdo, com três minutos e 58 segundos, foi postado na página Fumicultores do Brasil, no Facebook, às 17h30min. Menos de meia hora depois, somava mais de 5 mil compartilhamentos.
– Naquele momento, percebi o poder das redes sociais, foi tudo muito rápido – lembra Weber.
Desde então, passou a gravar vídeos falando das dificuldades e das conquistas do fumicultor:
– Ainda somos muito mal vistos pela sociedade, que não conhece o nosso dia a dia. E não é reclamação, é realidade.
Há dois anos, a página Fumicultores do Brasil tinha pouco mais de seis mil seguidores. Hoje, soma 280 mil. Além dos vídeos gravados no dia a dia, Weber faz incursões pelos três Estados do Sul para colher depoimentos de fumicultores – em projetos patrocinados:
– Damos voz ao produtor, falando do nosso jeito. O segredo é a espontaneidade – conta Weber.
A página também reúne fotos, vídeos e depoimentos encaminhados por fumicultores de todo o Brasil. Os que costumam ter mais audiência, conta Weber, são sobre intempéries climáticas. A participação das mulheres no campo também costuma ter apelo:
– Nossos seguidores são produtores e urbanos que, de alguma forma, se identificam com a colônia.
Desde o ano passado, ele assina coluna semanal no jornal Gazeta do Sul, além de comandar programa de rádio no mesmo grupo – onde mistura o português com o alemão.