Uma cultura que chama a atenção pelas belas imagens que produz ao longo do ciclo de desenvolvimento está em plena colheita no Estado: o girassol. Em Santa Rosa, no Noroeste, uma das principais regiões de produção, mais de 70% dos 870 hectares da atual safra já foram colhidos, conforme a Emater. A má notícia é que a produtividade deve ter redução em relação à expectativa inicial, por conta do impacto da primavera seca que atingiu lavouras plantadas em agosto. O tempo é um dos ingredientes que influenciaram o ciclo.
O mesmo cenário de La Niña que impactou a produtividade de lavouras cultivadas no cedo também fez com que crescesse 45% a área de fornecedores da Celena Alimentos, com matriz em Eldorado do Sul. Passando de 2,7 mil hectares para 3,9 mil hectares, as lavouras ficam no Noroeste e Missões, com destaque para os municípios de Giruá, Independência, Bossoroca e Caibaté, e na Fronteira Oeste, principalmente, em Manoel Viana e São Borja, explica Vantuir Scarantti, gerente agrícola da companhia. A empresa fornece sementes e assistência técnica aos agricultores e faz a compra da produção quando finalizada a colheita. A partir do girassol, produz óleo e, com o restante, farelo, que é destinado à alimentação animal.
Em São Borja e em Giruá, o produtor Paulo Miguel Nedel, que costuma cultivar soja, milho e trigo em lavouras que possui junto à família, decidiu apostar no girassol, destinando 750 hectares à planta:
— Tinha previsão de La Niña, então em um ano em que existe uma previsão de menos chuva, o girassol se torna uma cultura interessante porque tem baixa exigência hídrica, ao contrário da soja e do milho.
Outro atrativo da cultura na safra é o preço. De acordo com informativo mais recente da Emater, a saca de 60 quilos está, em média, R$ 154,50 na região de Santa Rosa. José Vanderlei Waschburger, gerente regional adjunto da Emater, ressalta que o valor na safra passada estava entre R$70 e R$74 e que a alta se deve à valorização dos grãos nos mercados interno e externo.
— Em função do preço, se exportou muito grão in natura da soja e acabou reduzindo no mercado interno, então, até pela falta de produto, começou a se expandir um pouco mais o mercado desse tipo de óleo (de girassol) — afirma.
Ele ainda explica que, como a previsão de estiagem para os primeiros meses de 2021 não se confirmou, parte dos produtores da região que iam investir no girassol optaram por realizar o cultivo da soja. Logo, a área destinada ao girassol, uma cultura alternativa, acabou aumentando, mas não tanto quanto poderia.
Levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), com base em dados da Oil World, mostra que, do total 10,06 mil toneladas de óleo produzidas em 2019 no Brasil, 0,3% eram de girassol.
*Colaborou Isadora Garcia