É devido ao raleio da bergamota que a Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus), de Montenegro, tem extraído óleos essenciais da mandarina verde, conhecida como bergamotinha verde ou bergamota verde. Cerca de 90% do produto é destinado à França para ser usado, principalmente, na composição de perfumes e essências. O óleo serve para fixar o aroma, substituindo o uso de aderentes sintéticos, explica Maique Kochenborger, presidente da Ecocitrus.
— A bergamota verde, na verdade, é um subproduto e o produto principal é a fruta madura. Só que hoje essa bergamota verde se tornou um subproduto de luxo porque dela é extraído o óleo essencial e, do óleo, são feitos perfumes, aromatizantes e vários outros produtos.
O raleio é a prática de retirada do excedente de frutas verdes do pomar para melhorar a qualidade do citrus. Kochenborger pontua que as variedades caí, pareci e montenegrina são as que tendem a ter óleos de melhor qualidade.
Depois de colhidas pelos associados, as mandarinas verdes são processadas na agroindústria da cooperativa. Quanto à safra de 2021, esta etapa começou na quarta-feira (17) e acompanha o período de colheita, de fevereiro até o final de abril.
Os óleos essenciais produzidos são orgânicos, sem uso de insumos químicos e com adubação natural, provinda da usina de compostagem da própria cooperativa e fornecida gratuitamente aos agricultores associados. Dentro dessa linha orgânica, há também os óleos biodinâmicos, resultado de uma agricultura alternativa, que trabalha com calendários e energias, exemplifica Kochenborger.
Além da França, principal destino dos óleos, países como Holanda, Reino Unido, Alemanha e Canadá importam produtos da cooperativa, em especial, sucos.
Quanto à produção, a estimativa é que, neste ano, sejam processadas 1.470 toneladas da mandarina verde pela Ecocitrus. Em 2020, devido à estiagem, foi feito processamento de cerca de 600 toneladas.
— Mesmo sendo positiva (a expectativa), será um pouco ofuscada pela seca que tivemos no (início do) ano passado — pondera Kochenborger, ao afirmar que a atual safra poderia ser de 20% a 30% maior não fosse a estiagem de 2020 ter desregulado o ciclo da planta.
Para os próximos cinco anos, a cooperativa pretende aumentar a produtividade das lavouras sócias em 50% por meio de apoio técnico e financeiro aos produtores.
*Colaborou Isadora Garcia