O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

Castigados pelos efeitos da estiagem, os pomares de citros do Rio Grande do Sul, terão menor produtividade neste ano e podem demorar anos para se recuperar plenamente do estresse gerado pela falta de chuva e o calor intenso do último verão. No entanto, produtores do Vale do Caí recorrem a dois aliados para atenuar os efeitos do tempo seco e recuperar as plantas para a próxima safra: a adoção de sistemas agroflorestais e o manejo biodinâmico.
O engenheiro agrônomo da Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus), Daniel Büttenbender, observa que os produtores que adotam essas práticas tendem a dirimir os impactos do tempo seco com maior rapidez nas áreas com bergamota, laranja e limão.
-Há pomares que, depois das chuvas no início de maio, já mostravam recuperação. Pareciam que sequer haviam passado pela estiagem – constata Büttenbender.
Atualmente, 13 das 89 famílias associadas à Ecocitrus têm propriedades com agroflorestas, sistema que resulta na presença de árvores nativas e plantio de outros alimentos em meio aos citros. Além disso, na cooperativa há 11 propriedades certificadas pelo manejo biodinâmico, no qual os agricultores atentam às energias da natureza e do cosmo para evitar o uso de agrotóxicos e fazem o próprio adubo.
A produtora Márcia Kranz, de Montenegro, explica que a agrofloresta acaba deixando os pomares de citros menos expostos ao sol, pois as demais árvores criam uma sombra natural para seus 12 hectares de bergamotas, laranjas e limões. Paralelamente, o uso de preparados biodinâmicos atende às necessidades da planta durante o ciclo produtivo. Contra o estresse pelo calor, por exemplo, a arnica foi uma das soluções usadas.
-A estiagem prejudicou o crescimento do fruto, devemos ter uma quebra de 35% na safra. Mas para o ano que vem as plantas já devem se recuperar e aí teremos uma safra cheia – pondera Márcia.
Em pomares sem agroflorestas e manejo biodinâmico as perdas serão ainda maiores. A Ecocitrus projeta quebra de 50% na safra deste ano, puxada pela redução nas variedades de bergamotas caí e pareci.