O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A arrancada de 2020 reforça a valorização nos preços dos grãos no Rio Grande do Sul iniciada ainda no ano passado. Levantamento da Emater indica que, na semana encerrada em 20 de fevereiro, o valor médio pago por saca ao produtor subiu 26,6% para o milho, 15,9% para o arroz e 8,1% para a soja, em relação ao mesmo período de 2019. A alta ocorre no momento em que as três culturas estão sendo colhidas no Estado.
Principal produto agrícola gaúcho, a soja vale em média R$ 78,53 por saca. Economista-chefe da Federação da Agricultura do RS (Farsul), Antônio da Luz destaca que o câmbio puxa os preços dos grãos. O dólar influencia diretamente as cotações, em especial a da oleaginosa, e na semana passada fechou no patamar recorde de R$ 4,39. O reaquecimento da demanda interna por alimentos também influencia o movimento.
— O consumo interno ainda está abaixo do que tínhamos em 2014, pré-crise, mas há retomada da demanda que cria circunstância positiva para os preços — complementa Luz.
Além disso, a menor oferta de produto em algumas culturas pesa para o incremento no preço. No milho, com cotação de R$ 43,27 por saca, a estiagem no início do ano dizimou lavouras e reduziu a produtividade em diferentes regiões do Estado.
Enquanto isso, no arroz, produtores vêm abandonando a atividade, e a área cultivada nesta safra é a menor desde 1998. Assim, a saca do cereal alcança média de R$ 48,66.
Conforme a colheita avançar nas próximas semanas, o cenário positivo em relação aos preços pode se modificar.
— A entrada da safra pressiona preços. Na soja, a tendência é recuar um pouco. Deve ficar com preço abaixo do ano passado, a não ser que o câmbio continue muito valorizado — pondera Luiz Fernando Roque, analista da Safras & Mercado.
No momento, apenas 1% da soja e 3% do arroz gaúcho foram retirados das lavouras. No milho, a colheita chega a 46% da área plantada, segundo a Emater.