A jornalista Karen Viscardi é colaboradora da colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Alguns dos principais produtos do agronegócio gaúcho tiveram aumento de cotações, algumas, recordes. No final do ano passado, o setor de carnes registrou alta considerável de preços. Na sequência, itens como arroz, leite, trigo, milho e ovos alcançaram novos patamares de valor. As elevações vieram por motivos diferentes e, em alguns casos, conjugados.
As carnes de frango, suína e bovina tiveram significativa expansão nas exportações. Os embarques do Rio Grande do Sul em proteína animal somaram US$ 1,68 bilhão em 2019, 35,1% acima dos US$ 1,25 bilhão de 2018. Esse apetite externo mexeu especialmente com cotações de cortes bovinos no mercado doméstico e deve se manter elevado, mesmo com recuo de preço de 7,80% em janeiro, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). Com a alta nas carnes, o setor de ovos registrou recorde de preço, estimulado pelo aumento do consumo per capita, que no Estado avançou 11% entre 2013 e 2019, passando de 227 para 253 unidades.
Nos cultivos de verão, o arroz aliou redução de área plantada e conquista de mercados. O volume de exportação previsto, de 900 mil toneladas, subiu para 1,43 milhão de toneladas. Já o milho, cuja abertura da colheita ocorre nesta sexta-feira (7), foi a principal cultura afetada pela falta de chuva.
Da produção de inverno, o trigo registrou descompasso entre oferta e demanda. Com melhor remuneração e resultado positivo do ciclo anterior, a expectativa é de aumento de área plantada na próxima semeadura.
Enquanto para o consumidor o aumento de preços pode ser difícil de absorver, na produção significa, muitas vezes, reposição de perdas. Mas nem todos na agropecuária foram beneficiados. Os produtores de proteína animal sentiram no bolso a melhora nas cotações, mas quem se dedica às lavouras foi pouco recompensado até agora, em razão de a maioria já ter comercializado a produção.