A jornalista Karen Viscardi é colaboradora da colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O recorde na cotação do arroz em casca, que aumentou 6,52% em janeiro e alcançou R$ 51,28 por saca em 3 de fevereiro, segundo o Indicador Esalq/Senar-RS, ainda não chegou ao bolso do agricultor. Isso porque a alta ocorreu no pico da entressafra, quando os produtores não tinham mais cereal armazenado. Mas, a partir de agora, com a expectativa de manutenção dos atuais níveis de preço em razão de menor área — com consequente menor produção — e de superar as 1,4 milhão de toneladas exportadas em 2019, quem planta deve, finalmente, ter aumento de receita. E quem consome vai pagar um pouco mais caro.
— Precisamos manter o valor acima de R$ 50 para começar a recuperar renda porque nos últimos três anos se vendeu no prejuízo. E tenho convicção de que vamos manter esse preço — diz Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz-RS).
Entre as iniciativas para manter receita, os arrozeiros pretendem intensificar as vendas externas, chegar a Panamá e Guatemala, e exportar mais para o México, país que liberou as importações para o cereal brasileiro em 2019. Outra ação incentivada pela Federarroz é a redução de área de cultivo, o que já vem ocorrendo.
O arroz, que já ocupou próximo a 1,2 milhão de hectares em 2010, nesta safra baixou para 940 mil e, para o próximo ciclo, a tendência é ficar em 900 mil hectares. Enquanto outros alimentos foram impactados pela estiagem, no arroz os problemas foram pontuais, especialmente na Região Central e em Cachoeira do Sul.
— A baixa rentabilidade leva o produtor a buscar alternativas. Os 330 mil hectares que o arroz perdeu hoje são ocupados por soja — detalha o dirigente, ressaltando que esse movimento é estimulado pela Federarroz como forma de garantir a sustentabilidade da produção.
Velho detalha que o consórcio entre os dois cultivos é benéfico: a soja baixa em 15% o custo do arroz e aumenta em 10% a 20% sua produtividade, entre outros motivos, pela maior cobertura vegetal do solo. Os cerca de 8 mil produtores de arroz no Estado também são incentivados a buscar integração entre lavoura e pecuária.
— Hoje, a média de produtividade do arroz no Rio Grande do Sul é de 140 sacas por hectare.
Mas o ponto de equilíbrio, ou seja, quando começa a ter lucro, é quando alcança 160 sacas. E esse resultado se consegue consorciando com soja e pecuária.