Depois de anos com participação tímida no crédito rural, o Banrisul quer ampliar o espaço nos financiamentos do agronegócio. Com uma fatia de 6% no mercado, o banco que tem o segmento na sua origem, quer triplicar esse percentual em um período de três anos.
E para isso, o banco está direcionando esforços internos para conseguir atrair a atenção do produtor rural. Nesta quinta-feira, em cerimônia realizada na Casa NTX, em Porto Alegre, anunciou o Plano Safra 2019/2020. Serão colocados R$ 3,25 bilhões em recursos, montante que é quase o dobro do concretizado no ciclo passado.
— Buscamos, no mínimo, emprestar para o agro tanto quanto emprestamos para outros setores da economia. Para fazer isso, é preciso praticamente triplicar a participação, já que no crédito total a participação é de 20% — compara Claudio Coutinho, presidente indicado do Banrisul.
Para alcançar esse objetivo, estabeleceu metas claras a serem buscadas pela área comercial, acrescenta Coutinho. Da quantia que está sendo anunciada, R$ 300 milhões são para financiar investimento, com linhas do BNDES. Os outros R$ 2,95 bilhões serão para custeio e comercialização. E desse montante, 20% são para linhas direcionadas, ou seja, com juro controlado. O restante fica na modalidade de juro livre.
— Uma das nossas vocações é o agronegócio e, por isso, o banco do Estado não pode ter uma outra estratégia que não seja justamente buscar incentivar ainda mais o investimento no campo — afirmou o governador Eduardo Leite.
Em muitos casos, no entanto, o problema não é a liberação de recursos, mas sim, o acesso a eles. Produtores relatam um crédito cada vez mais seletivo e uma distância entre valores anunciados e os efetivamente liberados. Um dos palestrantes do evento, o economista Antônio da Luz, da Federação da Agricultura do Estado, lembrou que no último Plano Safra nacional houve diferença de R$ 39 bilhões entre o anunciado e o efetivado.