Entre os produtores rurais e as entidades que os representam o número que chama a atenção no Plano Safra anunciado hoje no Palácio do Planalto não é o do total disponibilizado, de R$ 225,6 bilhões. A maior conquista apontada pelo segmento é a da liberação de R$ 1 bilhão para a subvenção do seguro rural. A quantia representa mais do que o dobro do que os R$ 440 milhões do ciclo passado.
A meta, segunda ministra Tereza Cristina, é fazer com a área segurada chegue a 15,6 milhões de hectares — ante 6,9 milhões —, com 212,1 mil apólices e um valor segurado de R$ 42 bilhões.
— O valor total do plano é o de menos. O seguro rural não era até agora uma política séria, porque o governo tinha foco no crédito. E agora bota no seguro. Antes, o seguro era penduricalho. A ideia agora é que seja política prioritária — avalia Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS, Paulo Pires concorda. Para o dirigente, o grande ponto positivo do pacote anunciado é a questão do seguro:
— Demonstra uma proporção diferente, é uma sinalização altamente positiva. Vamos ver como será executado.
Nem mesmo o aumento de um ponto percentual na taxa de juro — e de meio ponto percentual no caso da agricultura familiar — trouxe preocupação. Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers), diz que essa alta está dentro do esperado:
— A única coisa que discordo um pouco é que a diferença do juro agrícola em relação à Selic está cada vez maior. Mas no mais, o Plano Safra está bem, adequado. O que não pode acontecer é faltar dinheiro no meio do caminho, como faltou no ciclo atual.
Para Luz, a mudança no juro controlado do crédito oficial poderá ter um efeito interessante à medida em que as projeções apontam taxa básica de juro de 5,75% no final do ano. Essa redução leva ao recuo da taxa CDI.
— Com o produtor tendo 8% de juro, está pagando 43% acima da CDI. O mercado financeiro vai se voltar muito para o crédito rural. E é bem provável que teremos oferta de crédito ao produtor abaixo do juro controlado anunciado.
As novas regras do Plano Safra começam a valer a partir do dia 1º de julho.