O problema enfrentado pelo Rio Grande do Sul e que será tema de audiência pública desta quarta-feira (8), na Assembleia Legislativa, já foi vivido pelo Paraná. No início dos anos 2000, também estava às voltas com prejuízos causados pela deriva do herbicida 2,4-D. O Estado chegou a ter o uso do produto restrito em alguns municípios. E desenvolveu iniciativa Acerte o Alvo.
A ação virou programa de Estado que soma 15 anos e será um case apresentado pelo professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná Robinson Osipe no debate no parlamento gaúcho. Engenheiro agrônomo e doutor em Agricultura, ele atua nas áreas de matologia e agroecologia e deve falar em nome da Iniciativa 2,4-D, que reúne fabricantes de produtos à base do princípio ativo e busca disseminar informações sobre o produto.
— Foi um treinamento maciço e grande salto de mudança. O Paraná chegou a ter 20 cidades com restrições de uso – diz Osipe.
O programa está aos cuidados da Secretaria da Agricultura e é executado pela Emater do PR. O diretor técnico do órgão, Nelson Harger, diz que houve grande avanço na capacitação dos agricultores, mas que a ideia é evoluir para uma próxima etapa:
— Queremos retomar com a inspeção de máquinas. Somente assim vejo possibilidade de mudar radicalmente o problema.
Segundo Harger, cerca de 40% das máquinas ainda oferecem risco médio e alto para a deriva. Por isso, a proposta é fazer vistoria nos equipamentos usados na aplicação.
No Rio Grande do Sul, o debate segue aberto. A Secretaria da Agricultura mantém a aposta nas soluções vindas do grupo de trabalho. No final do mês passado, em audiência no Ministério Público, que tem inquérito civil aberto, o órgão deu prazo de um mês para que o Estado se manifeste. Depois desse período, o promotor Alexandre Saltz deve avaliar as possibilidades de medida judicial para suspensão ao produto.
Para os produtores de culturas afetadas pela deriva, essa é a única medida capaz de aplacar o problema. A opinião não é compartilhada pela Federação da Agricultura do Estado, que defende, entre outras ações, a capacitação – o Senar-RS tem o programa Deriva Zero.
A audiência na Assembleia foi proposta pelos deputados Luiz Marenco (PDT) e Edegar Pretto (PT), que tem projeto de lei para proibição do herbicida no RS.