Foi anulada pela Justiça a venda do Beneficência Portuguesa, um dos mais antigos e tradicionais hospitais de Porto Alegre. Os nove blocos e um estacionamento em uma área de 12 mil metros quadrados foram arrematados pela AFC Holding S/A, de Minas Gerais, por R$ 41 milhões há cerca de dois anos. A administração judicial, porém, alegou vícios e nulidades, que provocam prejuízo aos credores. Foi apresentada no processo uma avaliação de R$ 70 milhões do complexo.
— Um dos motivos foi exatamente o valor da venda, que estava muito abaixo do mercado — detalha o administrador judicial Tiago Jaskulski Luz, do escritório CB2D.
O juiz Gilberto Schafer, da Vara Regional Empresarial de Porto Alegre, já autorizou um novo leilão. A data ainda não foi definida, mas o valor mínimo será de R$ 60 milhões. Já há uma empresa interessada, a gaúcha Irradial, que contará com aporte de investidores.
— Desta vez, será na modalidade stalking horse, já com interessado. A empresa que apresentou proposta é do ramo da saúde, já atua no complexo e se comprometeu a manter e revitalizar o hospital — acrescenta o administrador judicial. — A decisão garante que o maior número possível de credores receba o pagamento de seus créditos — conclui.
Apesar de haver o interessado, é possível apresentar novas propostas. Vencerá a maior.
Em fevereiro, foi declarada a insolvência do Beneficência Portuguesa. O efeito é semelhante ao da falência, mas a empresa pode continuar a operação mesmo sem capacidade de pagamento das dívidas. Em crise financeira que se arrastava há anos, o hospital suspendeu os serviços em 2022. Há dívidas trabalhistas de 30 anos. O prédio está em vias de ser tombado como patrimônio histórico. Foi o segundo hospital construído em Porto Alegre, inaugurado em 29 de junho de 1870, ou seja, há 153 anos.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@diariogaucho.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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