A alta do dólar e do petróleo se acelerou com o agravamento do conflito no Oriente Médio e com a revisão das metas fiscais pelo governo brasileiro. Isso pode provocar inflação e travar o corte do juro pelo Banco Central, o que era a aposta para a economia melhorar em 2024. Confira abaixo trechos da entrevista do Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com o economista Celson Plácido, da Warren Brasil, e ouça a íntegra no final da coluna.
Vocês ainda acham que a Selic, que está em 10,75% ao ano, possa chegar a um dígito?
Sim. Trabalhamos ainda com 9%, mas vemos piora constante nas projeções. Até o Banco Central já sinalizou: "Olha, eu não preciso dar 0,5 ponto percentual, eu posso reduzir o ritmo de corte". Isso afeta financiamento e investimento. Temos títulos públicos do governo, aos quais qualquer pessoa tem acesso, remunerando inflação mais 6,04%. Por que você vai abrir um negócio e gerar empregos se deixar o dinheiro parado rende mais? Gera inflação, corrói o poder de compra da população de menor renda e quem tem dinheiro ganha ainda mais.
Até quando a Petrobras conseguirá segurar o reajuste da gasolina e do diesel nas refinarias com o petróleo e o dólar subindo?
Normalmente, a Petrobras consegue segurar até três meses. Diria que tem fôlego para mais um mês, não mais do que isso. Nós somos exportadores de petróleo, mas importadores de derivados. Quando tem a defasagem com o preço internacional, o importador passa a não importar porque não pode vender a gasolina que importa por um preço mais baixo do que comprou. Aí você pode gerar um desabastecimento.
Apesar dessa turbulência em alguns fatores, o país está voltando ao pleno emprego e os reajustes salariais acima da inflação sustentam vendas de varejo e serviços...
Concordo. Isso é extremamente relevante. Imagina se tivéssemos um patamar de juros menor, menos incerteza, estaria alimentando esse consumo. O Brasil deveria crescer mais, deveríamos ter um crescimento sustentável acima de 3%. Se o governo deixar as contas minimamente controladas, teríamos um cenário melhor de fluxo de capital para cá e o dólar estaria na casa de R$ 4,80.
Ouça a entrevista na íntegra:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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