Foi declarada a insolvência do Beneficência Portuguesa, um dos mais antigos e tradicionais hospitais de Porto Alegre. O pedido havia sido feito à Justiça por um credor. O efeito no caso da instituição será semelhante ao da falência, explica o administrador judicial Tiago Jaskulski Luz, do escritório CB2D. Na insolvência, a empresa pode continuar a operação mesmo sem capacidade de pagamento das dívidas, mas o advogado acha que isso não ocorrerá com o hospital.
— A estrutura está em ruínas, sucateada, sem equipamentos. Os equipamentos foram transferidos para outros hospitais, o que está sendo investigado — acrescenta.
Em crise financeira que se arrastava há anos, o Beneficência Portuguesa suspendeu pela última vez os serviços em 2022. Um pouco antes, o complexo havia sido leiloado após determinação judicial porque a então gestora, a Associação Beneficente São Miguel (ABSM), deixou de fazer pagamentos na Justiça do Trabalho que se arrastam há 30 anos. Os nove blocos e um estacionamento em uma área de aproximadamente 12 mil metros quadrados foram arrematados pela AFC Holding S/A, de Minas Gerais, por R$ 41 milhões. O resultado, porém, estava sendo questionado por duas outras empresas, mas a Justiça não reconheceu os recursos em decisão recente. Se não houver novos questionamentos, a venda deve ser homologada em breve.
— O dinheiro será usado para pagar as dívidas, mas não será suficiente nem para as trabalhistas. São cerca de 700 ações na Justiça — avisa o administrador judicial, que tenta identificar, sem muita esperança, outros ativos que possam ser vendidos. Em paralelo, negocia ainda a doação da capela para uma paróquia e do arquivo de nascimentos para um museu.
O prédio do Beneficência Portuguesa está em vias de ser tombado como patrimônio histórico. Foi o segundo hospital construído em Porto Alegre, inaugurado em 29 de junho de 1870, ou seja, há 153 anos.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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