O Hospital Beneficência Portuguesa está suspendendo serviços em setores como Unidade de Tratamento Intensivo, internação e pronto-atendimento. A casa de saúde enfrenta dificuldades econômicas e seu patrimônio está em negociação de venda para a quitação de dívidas trabalhistas que se arrastam há mais de duas décadas.
Em nota enviada para GZH nesta quarta-feira (30), a gerência jurídica da Associação Beneficente São Miguel (ABSM), gestora do Beneficência, informou que desde que o IPE-Saúde suspendeu atendimento de seus beneficiários pelo hospital, "houve uma racionalização de custos referente a suspensão temporária de algumas áreas. Tal medida é vital para o bom e pleno atendimento aos usuários da rede suplementar de saúde, ressaltando mais uma vez que não há atendimento ao Sistema Único de Saúde — SUS no nosocômio".
A nota destacou ainda que seguem funcionando serviços de imagens, laboratório, diálise, oncologia, consultórios de especialidades médicas, endoscopia e colonoscopia. Alguns destes serviços são prestados por terceirizadas e não estão sob gestão da ABSM. A São Miguel não quis fornecer mais detalhes sobre o que está sendo suspenso no hospital.
Nos últimos dias, funcionários receberam informações de que ocorreria transição de serviços e de contratos para o Hospital Porto Alegre, que também é administrado pela ABSM, mas sem mais detalhes. Na tarde desta quarta-feira, o temor entre eles era de que muitos fossem demitidos.
GZH procurou o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), que esteve, recentemente, reunido com a ABSM para tratar da situação do Beneficência Portuguesa. O presidente da entidade, Marcos Rovinski, confirmou a suspensão de serviços que não se sustentam sem os recursos proveniente de convênios.
A suspensão do credenciamento pelo IPE-Saúde está em vigor desde o dia 18. Quando noticiou a decisão, o instituto emitiu nota informando: "Tendo em vista o risco assistencial aos segurados do IPE Saúde quanto à continuidade da prestação de serviços por parte do Hospital Beneficência Portuguesa e com o objetivo de garantir o melhor atendimento, a autarquia adotou a medida preventiva de suspensão de novos atendimentos neste hospital e a transferência dos pacientes para outras entidades hospitalares vinculadas ao Sistema IPE Saúde".
A venda do patrimônio do hospital foi determinada pela Justiça do Trabalho para pagar créditos trabalhistas. Houve proposta de compra por parte de uma empresa de Minas Gerais. a AFC Holding. São executadas na ação a ABSM e a mantenedora do hospital, a Associação Portuguesa de Beneficência.