O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
A Justiça autorizou a recuperação judicial da Parmíssimo, fabricante gaúcha de laticínios de Viamão bastante conhecida pelo queijo parmesão. O pedido foi ajuizado pela empresa no mês passado. O endividamento estimado é de quase R$ 37 milhões. Desse montante, a maioria — cerca de R$ 22 milhões — é formada por créditos quirografários, que incluem instituições financeiras.
No pedido de recuperação judicial, a empresa justificou que passou, recentemente, por um processo de controle e qualidade da matéria-prima e do produto. Isso exigiu um investimento alto, mas que ainda não foi totalmente recuperado.
"Em 2020, com a retirada de dois sócios do quadro societário, a gestão ocupou-se da implantação da nova gestão produtiva, controle de qualidade, implantação de laboratório, métodos logísticos, administrativos, ocasionando custos imediatos ao caixa já fragilizado. Em contrapartida, é claro que as melhorias implementadas reduziram as devoluções de produto por falta de qualidade, mas estes efeitos não se produziram por completo e imediatamente (ao contrário das despesas e investimentos que foram necessários para o aperfeiçoamento dos processos)", diz parte do pedido.
Além disso, a empresa também justifica que, com a crise sanitária, houve escassez e aumento dos preços das matérias-primas, achatando a margem de lucro. Cita, também, que a guerra no leste europeu elevou valores de insumos — até mesmo os indiretos, como os combustíveis. Por fim, também pontua que há dificuldade em repassar estes custos para os clientes de imediato.
— O que levou ao pedido foi, muito resumidamente, a falta de capital de giro ocasionada por investimentos em processos de controle e de qualidade, laboratório, gestão, logo seguidos da pandemia e crise na Russia e na Ucrânia. Isto reduziu a demanda e aumentou o custo dos insumos, sendo que este aumento não se conseguiu repassar ao consumidor. Com isso, as margens foram achatadas, resultando na falta de condições de adimplir as obrigações de curto prazo — comenta Daniel Piccoli, advogado que representa a Parmíssimo no processo.
Agora, com a aprovação da recuperação judicial pela Justiça, a Parmíssimo tem até 19 de setembro para apresentar o plano de reestruturação, que precisa ser votado pelos credores. A empresa tem 73 funcionários, 25 representantes comerciais, além de distribuidores e transportadoras credenciadas. Ela foi fundada em 1990, dedicada ao ramo de distribuição e representação de produtos alimentícios. Em 2001, transformou sua atividade em fábrica de laticínios, lançando os produtos de sua fabricação simultaneamente nos mercados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com as marcas Parmíssimo e Parmézzo.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.