As agências de viagens sentiram muito o impacto das restrições causadas pela pandemia, principalmente durante 2020. Desde então, têm enfrentado altos e baixos. Começou 2021 bem, mas na sequência, parou de novo, na forte onda que atingiu o país em março do ano passado. Recuperou-se, novamente, no segundo semestre. Agora, entra em 2022 com aumento de procura por viagens, retomada gradativa do turismo internacional, mas com uma preocupação: a variante Ômicron, que tem cancelado voos e feito turistas remarcarem passeios. Para falar sobre todos esses assuntos, o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha) conversou com João Augusto Machado, vice-presidente de Relações Externas da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Rio Grande do Sul (Abav-RS). Confira:
Como foi o desempenho de 2021? A gente teve um final de ano muito movimentado, e a partir disso, o que vocês estavam planejando para 2022?
No final de 2020 foi o momento que a gente recuperou um pouco nossas vendas. Aí, em 2021, nos meses janeiro e fevereiro tivemos bastante viagens, até que março veio aquela onda e as viagens estagnaram completamente. E para o segundo semestre, a gente teve vendas muito boas. Em alguns meses, chegando a superar valores pré-pandemia. Foram viagens para dentro do Brasil, que ganharam um peso muito grande. E para o final do ano também muita movimentação, as pessoas querendo viajar no ano novo, viajar em janeiro, fevereiro. As vendas aconteceram muito bem.
E agora, como está a situação? Vocês sentem impacto da Ômicron?
O que tem acontecido nessas primeiras semanas de 2022: com o aumento da variante Ômicron, aconteceram alguns cancelamentos, algumas viagens — como cruzeiros — foram impedidas de serem realizadas e há uma preocupação dos passageiros com as viagens internacionais, porque precisa ter o teste negativo para viajar e para voltar ao Brasil. Então notamos que muitas pessoas que mantiveram essas viagens estão tendo um cuidado, um resguardo por alguns dias para que pessoas fazer o teste, dar negativo e viajar. Da mesma forma, no final da viagem. Mas dentro do Brasil, as vendas continuam. O turismo estava com uma demanda reprimida. Então, as pessoas acabaram viajando, se acostumando com a situação do coronavírus. A nossa projeção de 2022 é um ano de muitas vendas. Quase recuperar todo prejuízo de 2020, o primeiro ano da pandemia. E agora temos que esperar um pouquinho para ver como vai se desenvolver esse ano devido a nova variante. A gente torce para que os números de casos diminuam mais. Ao mesmo tempo que as fronteiras estão reabrindo.
O maior número de mudanças é de cancelamento? De remanejamento?
Poucos casos de pessoas que estão cancelando a viagem por iniciativa própria. O que tem acontecido são casos de pessoas que estão para viajar, com passagem aérea, ou retornando, testarem positivo e aí não poderem viajar. Precisam alterar passagem, remarcar o retorno. Tem acontecido muito também a questão das próprias companhias aéreas estarem sofrendo com isso, e os voos estão sendo cancelados. E é importante frisar que quando há teste positivo do passageiro, a companhia aérea está sendo bem flexível. Está isentando eventuais cobranças. Não quer dizer, também, que não vá cobrar diferença de tarifa. Uma pessoa, por exemplo, que tinha uma passagem de R$ 1 mil, e tem uma multa para alteração de R$ 200. Nesse caso, a companhia isenta da multa, mas se, por acaso, a nova passagem custar R$ 1,2 mil, ela vai cobrar a diferença.
Vocês percebem que gradativamente há procura maior para viagem ao exterior?
Sim. A gente vem notando já desde o ano passado. É óbvio que a gente tem ainda a influência do câmbio, que está alto. Mas a medida que o tempo vai passando, países como Argentina e Uruguai, que são países super procurados pela proximidade, vão flexibilizando e as pessoas vão voltando a fazer esse tipo de viagem. Temos vários clientes que estão viajando para fora. Europa, que também está com flexibilidade. A Argentina, especificamente, ainda não é um país que estamos tendo tanta procura por dificuldade com companhia aéreas. Por enquanto, pessoas precisam ir para São Paulo para então ir para Argentina. Mas assim que as companhias aéreas voltarem a fazer voos diretos para Porto Alegre, é um destino que vai intensificar muito. Caribe, Punta Cana, que são destinos com pacotes completos, tem muita gente procurando viagem para lá.
Falamos de destinos internacionais, mas a pandemia também intensificou bastante as viagens locais. Quais os destinos aqui no Rio Grande do Sul estão com procura maior no início do ano?
O Rio Grande do Sul é maravilhoso. E a pandemia, eu digo que das coisas ruins sempre surgem as coisas boas, e uma delas foi o aumento de turismo no Rio Grande do Sul. A gente já tinha um turismo muito consolidado na Serra, na região de Gramado, Canela, Bento Gonçalves, mas do ponto de vista da pandemia, o Rio Grande do Sul foi trabalhando cada vez mais o turismo, e hoje as regiões dos cânions, a região da Campanha, o Litoral do nosso Estado. Nosso Estado está preparado. Porto Alegre inaugurou recentemente uma central de informação aos turistas. Em breve vai inaugurar no aeroporto também, para que a gente possa receber cada vez mais os turistas.
Com relação à destino dentro do Estado. Tem alguma preferência?
A região dos cânions a gente tem sentido uma procura muito alta. Dependendo da pousada, precisa fazer uma reserva com muita antecedência para ter reserva. A procura é altíssima. É uma região, por ter toda beleza natural, por ser céu aberto, tem uma procura muito alta. A região da Serra sempre vai ser. Gramado e Canela já são destinos tradicionais, mas ganha força também outros destinos, como São Francisco de Paula, Garibaldi, outras cidades que também estão se desenvolvendo cada vez mais. E a região da Campanha para mim é um dos grandes atrativos do nosso Estado. A gente visita, tem a questão das fazendas, a questão da pecuária. Hoje temos produção de azeite, de vinhos. Tem tido bastante procura por lá também.
Ouça a entrevista no programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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