Usar só o face shield sem a máscara tradicional não é suficiente para evitar o contágio pelo coronavírus. A coluna já escreveu sobre isso e diversas entidades alertam, mas seguimos vendo nos estabelecimentos comerciais essa prática, o que nos faz não duvidar que ocorra também dentro de empresas de outros setores, como a indústria. Então, aqui vai um alerta mais enfático.
O face shield é como tem sido chamado inclusive aqui no Brasil aquele escudo facial de acrílico ou também conhecida como viseira. Ele não deve ser usado sozinho porque a máscara tradicional, sendo de pano ou descartável, é a que protege boca e nariz de gotículas que podem se direcionar para o rosto da pessoa. Além disso, o protetor de acrílico não é eficiente no combate ao hábito que precisamos perder de levar a mão até a boca e o nariz. A coluna recebeu o relato de uma leitora que viu a caixa do supermercado que usava somente o face shield passar o dedo da mão na língua e usá-lo para separar a sacola que foi usada para empacotar a compra. Não, pessoal. Não!
Para complementar a argumentação da coluna, veja a explicação do presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Fernando Spilki:
- O face shield é indicado para bloquear respingos e perdigotos que se dirijam diretamente ao rosto, mas não bloqueia partículas menores que se espalham pelo ar e podem chegar ao rosto de diferentes direções. Aí, a proteção efetiva é a máscara. O vírus por vezes pode estar em partículas tão finas que ficam em suspensão e serão aspiradas caso o indivíduo não esteja de máscara, vindo mesmo por baixo ou pelos lados do face shield.
Então, sorria com os olhos ao atender o cliente, sendo mais simpático, claro, do que o Hulk do free shop Caraballat, cuja foto ilustra essa coluna. A prevenção é mais importante neste momento. Além disso, já começam a aparecer máscaras nos moldes das tradicionais, mas com uma parte da frente de acrílico, permitindo que se veja a boca da pessoa. As laterais seguem de tecido, fazendo a moldura do rosto. Elas estão sendo usadas por fonoaudiólogas, por exemplo. Mas são uma boa opção para outras áreas. Inclusive, para o trabalho com crianças.
- Desde que bloqueie adequadamente as laterais, isolando o ar que é respirado, com um material adequado que promova a vedação, tudo bem. Tem um uso importante em situações especiais, como no cuidado de pessoas com deficiência auditiva - analisa Spilki, da SBV.
Em tempo, sinta-se à vontade de proibir o acesso de quem não estiver usando máscara. Com isso, protegerá seus funcionários e clientes, além de trazer segurança para aquele consumidor consciente que está observando de longe se entra ou não no seu estabelecimento.
Sobre isso, leia também: A empresa pode obrigar o funcionário a usar máscara?
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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