A economia brasileira teve momentos muito distintos nestes últimos dez anos. De 2007 a 2013, o PIB cresceu a uma taxa média anual de 4%. A crise iniciada em 2014, no entanto, levou à maior recessão já registrada. Nos últimos quatro anos, o PIB brasileiro encolheu em média 1,4% ao ano.
Identificar este impacto no mercado de trabalho foi o objetivo de um levantamento nacional feito pela Confederação Nacional do Comércio. Foram analisados dados de emprego com carteira assinada do Ministério do Trabalho e as funções que mais ganharam e mais perderam empregos em uma década no país.
"Ainda que indesejável à sociedade, o aumento do desemprego desencadeou uma espécie de processo de 'seleção natural' no mercado de trabalho, que pode ser facilmente constatado pelo aumento da participação dos estratos de qualificação acima da mediana do próprio mercado de trabalho", detalha o estudo.
Na década, o contingente de trabalhadores que possuem nível superior completo ou incompleto aumentou 62,6%, contra um avanço de 23,1% na média do emprego formal. Trabalhadores com graus de instrução elevados para o padrão brasileiro passaram a responder por uma porção cada vez maior de força de trabalho, passando de 19,7% (7,4 milhões) para 26% (12 milhões) entre 2007 e 2017.
Por outro lado, profissionais empregados em ocupações caracterizadas por níveis inferiores de qualificação ou mais expostos ao avanço tecnológico passaram a representar um contingente menor da força de trabalho. Em 2007, 16,3 milhões de pessoas formalmente ocupadas não tinham mais do que o nível médio incompleto (43,5% do total). Dez anos depois, esses trabalhadores representavam 25,5% do mercado (11,8 milhões de pessoas).
Economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank regionalizou a parte da pesquisa em que são listadas as funções que mais ganharam e mais perderam espaço no contingente total de trabalhadores com carteira assinada. Com isso, obteve os rankings para o Rio Grande do Sul.
Foram consideradas funções que, em 2007, tinham no mínimo 500 profissionais registrados. Avanço interessante em empregos na área da saúde, o que o economista da CDL já havia alertado para a coluna que estava ocorrendo. Destaque também para trabalho com educação infantil.
As 20 profissões que tiveram o maior aumento no número de trabalhadores no RS (2007-2017):
1 - Cuidador de idosos +342%
2 - Desossador +263%
3 - Fisioterapeuta +206%
4 - Técnico de apoio ao usuário de informática +203%
5 - Gerente de logística +192%
6 - Professor de nível médio na educação infantil +191%
7 - Analista de suporte computacional +168%
8 - Gerente de agência +167%
9 - Auxiliar de suporte bucal +159%
10 - Analista de recursos humanos +145%
11 - Professor de nível superior na educação infantil +132%
12 - Operador de centro de usinagem +131%
13 - Técnico de garantia de qualidade +129%
14 - Técnico em manutenção de equipamentos de informática +127%
15 - Instalador de equipamentos eletroeletrônicos de segurança +125%
16 - Guardador de veículos +123%
17 - Administrador +116%
18 - Programador de sistemas de informação +115%
19 - Leiturista +108%
20 - Produtor agrícola polivalente +106%
As profissões que tiveram a maior redução no número de trabalhadores no RS (2007-2017):
1 - Técnico de operações e serviços bancários - leasing -99,8%
2 - Operador de filatório -96%
3 - Operador de subestação -94%
4 - Professor de comunicação social do ensino superior -87%
5 - Professor de educação artística do ensino fundamental -83%
6 - Operador de retificadora -81%
7 - Temperador de metais e de compositos -80%
8 - Operador de máquinas do acabamento de couros e peles -74%
9 - Analista de negócios -77%
10 - Trabalhador da avicultura de corte -75%
11 - Agenciador de propaganda -75%
12 - Cozinhador de carnes -75%
13 - Trabalhador de preparação de pescados -74%
14 - Supervisor de operação elétrica -74%
15 - Colorista têxtil -70%
16 - Cozinhador de frutas e legumes -68%
17 - Lavador de peças -68%
18 - Ceramista -68%
19 - Revisor de texto -66%
20 - Analista de pesquisa de mercado -66%
Se não usar a linha de corte na pesquisa, aparecem profissões curiosas. O primeiro lugar, por exemplo, fica com "preparador de barbotina", que cuida da manutenção de máquinas e equipamentos. Teve um aumento de 7.000% proporcionalmente, mas que significa apenas 70 pessoas a mais em uma década.
Em segundo lugar, está "acrobata". Veja só, com um aumento proporcional de 6.200%. Na verdade, são 62 profissionais a mais no Rio Grande do Sul na última década.