Estudo da consultoria Tendências mostrou que a extrema pobreza cresceu em quase todo o país durante a crise econômica, que começou em 2014. Inclusive no Rio Grande do Sul, que atingiu em 2017 o recorde da pesquisa iniciada em 2011 junto com outros oito Estados.
Conforme o critério usado pela consultoria, foram consideradas em situação de extrema pobreza as famílias com renda mensal domiciliar per capita de R$ 85 no ano passado. A base foi a metodologia do Plano Brasil Sem Miséria, que é referência do Bolsa Família.
No Rio Grande do Sul, a proporção de famílias vivendo abaixo da linha da pobreza extrema ficou em 2,8% em 2017. Quando começou a crise, em 2014, estava em 1,6%. Fica abaixo da média nacional, mas é a maior da Região Sul.
Proporção de famílias em extrema pobreza:
Rio Grande do Sul
2014 1,6%
2015 1,8%
2016 2,3%
2017 2,8%
Brasil
2014 3,2%
2015 3,6%
2016 4,1%
2017 4,8%
O Rio Grande do Sul avançou. No entanto, a Tendências identificou que o aumento foi atenuado pelo Estado depender menos da renda originada no setor público.
- No Rio Grande do Sul, representa 19,6% da renda total do trabalho versus 20,4% do Brasil. Também depende menos de programas de transferência de renda. Pesa somente 0,4% da renda total das famílias, contra 1% na média do país - acrescenta Adriano Pitoli, da Tendências.
O índice mais alto é encontrado no Maranhão, onde ficou em 12,2% no ano passado. O mais baixo está na Região Sul e fica em Santa Catarina, onde a proporção é de 1,8%. Paraná ficou com 2,5%.
- Os que mais mostraram piora em termos de pobreza extrema foram Acre, Bahia, Sergipe, Piauí e Maranhão. São também Estados que tiveram: uma recessão maior forte que a média Brasil, com exceção do Acre; maior participação da renda de servidores públicos na renda total das famílias e que portanto sofreram com a crise fiscal do setor público nos últimos anos; e maior participação do Bolsa Família na renda total das famílias, que encolheu 12,8% entre 2014 e 2017, em razão da crise fiscal do governo federal - detalha Pitoli.
Apenas dois Estados tiveram queda na pobreza extrema durante a crise. Um deles foi a Paraíba, onde a proporção passou de 6,4% para 5,7%. O outro foi Tocantins, onde recuou de 5,4% para 4,3%.