O atacante Tetê já está treinando no Lyon. Após o anúncio oficial da contratação, ele está à disposição para o jogo de domingo (3), contra o Angers, pelo campeonato francês. Além disso, o clube aposta na chegada dele para tentar a conquista da Liga Europa. No dia 7 de abril, o adversário será o West Ham, na partida de ida das quartas de finais.
A contratação, fechada nesta semana, é por empréstimo até junho, mas com obrigatoriedade de compra ao final do período. Ou seja, após o final da temporada europeia, o Shakhtar repassa o atleta para o Lyon.
E foi justamente esta operação que impediu Tetê de jogar no Grêmio no início da Série B. O objetivo inicial do staff do atleta era ficar em Porto Alegre até junho e depois realizar a transferência para a Europa. Em entrevista exclusiva para GZH, Tetê conta os detalhes do acerto com o Lyon e revela detalhes inéditos da negociação com o Grêmio. Confira:
GZH: Como foi o acerto com o Lyon e qual é a expectativa de jogar a fase decisiva da Liga Europa, competição que você conhece bem?
Tetê: O acerto aconteceu após a Uefa liberar a contratação dos jogadores vindo da Ucrânia para poderem ser inscritos nas competições europeias. Assim, o Lyon viu no meu futebol a oportunidade de ajudar a equipe na busca da conquista da Europa League e a minha expectativa para essa decisão é de muita felicidade, por poder viver esse momento e fazer um grande jogo para ajudar meus companheiros.
Como será jogar com Lucas Paquetá e voltar a trabalhar com Cláudio Caçapa?
Encontrar o professor Caçapa após anos foi incrível, ele é uma pessoa exemplar e foi o primeiro treinador a me convocar para a Seleção Brasileira, na época era sub-15. Estou muito feliz de estar no convívio dele novamente. E quanto ao Paquetá, ele é um grande jogador e muito gente boa também, vai ser um prazer jogar com ele e com meus novos companheiros .
Você conseguiu manter a forma neste período sem atuar? Como foi a saída da Ucrânia em meio à guerra?
O Pablo Bueno montou uma equipe de staff para mim (preparador físico, massagista, fisioterapeuta e supervisor), que ficou responsável pela parte física da minha carreira. Então, quando estourou a guerra, eles estavam comigo e ficaram durante esse período na Polônia me acompanhando e trabalhando forte como sempre.
Sobre a saída da guerra, eu tive a ajuda dos pastores da Igreja Universal do Reino de Deus da Ucrânia, que ajudaram na nossa saída em paz e segurança e nos ajudaram também na Polônia. Inclusive, nesse período, pude fazer parte dos trabalhos sociais da Igreja Universal, ajudando os refugiados com alimentação, auxílio e ajuda para se direcionarem para algum lugar da Europa.
Não é novidade que você gostaria de voltar ao Grêmio, o que agora não será possível. Você estava disposto a jogar este início de Série B apenas por um valor simbólico?
Quando o Pablo me passou que poderíamos voltar para o Grêmio, eu disse “agora irmão”! Por mais que o Grêmio esteja na Série B, ainda é o Grêmio, o Grêmio sempre vai ser o Grêmio. Depois do aval do professor Roger eu já tinha até alinhado com o Ferrerinha de estar apto para a estreia do dia 9 diante da Ponte Preta, inclusive a camiseta 14 já estava separada para mim e o valor simbólico que seriam as doações das camisetas para instituições carentes.
Eu acredito que nós jogadores de futebol podemos influenciar crianças positivamente, porque um dia eu já fui criança e se alguém fizesse isso por mim marcaria minha vida.
O Pablo, quem o conhece pessoalmente, sabe como ele pensa. Ele sempre frisa isso pra todos os jogadores que ele representa, que nós temos esse poder de impactar vidas e ajudar ao próximo, ele fala que atitudes assim salvam vidas. Como foi no caso do menino de 11 anos, que o Ferreira deu a camisa que usou no jogo contra o Flamengo, o Mateo Coutinho. Hoje ele está curado do câncer e, com certeza, a atitude do Ferreira ajudou essa criança a ter fé na sua cura.
Se agora não foi possível, no futuro você acha que é possível jogar no Grêmio?
Não foi possível porque a situação não dependia só de nós, pelo Pablo e a direção do Grêmio estava tudo certo. Inclusive, quero aproveitar a oportunidade e elogiar o pessoal que vem fazendo um grande trabalho na retomada do Grêmio, que são o Denis Abrahão, Diego Cerri e o Sérgio Vazques, grandes seres humanos e pessoas do bem. Mas o Shakthar não liberou, pois deu preferência para uma negociação com as equipes europeias.