Fui gerado em Canela. Foi meu pai, uma figura que cintilava entre o fascinante e o assombroso, quem me contou. Em detalhes, aliás. Que eu nem sei se queria saber. Mas, vá lá: agora eu sei. Tudo se deu numa casa com a dignidade imponente que só a madeira – de araucária – é capaz de conceder às casas. Ela ainda está lá, amarela, entre hortênsias e pinheiros, perto das ruínas espectrais do Cassino de Canela, e meu irmão vive nela. Passei ali quase todas as férias escolares de inverno e de verão. E foi assim que Canela virou o melhor lugar do planeta para mim: meu Parque Triássico particular.
Cidade à venda
Canela vai parar de querer imitar Gramado
Prefeitura pensa em repassar a área à iniciativa privada, e uma empresa de Balneário Camboriú – a mais medonha das praias catarinenses – pretende erguer ali um centro de eventos
Eduardo Bueno