Eduardo Bueno
Foi quando o cristianismo era pouco mais do que uma miragem tremeluzindo desde as areias inférteis do Oriente Médio – de onde, claro, era originário – e o paganismo seguia sendo a floresta luxuriante de liames e líquens, de musgos e murmúrios, porém entulhada de madeira velha, pronta para arder sob o fogo do proselitismo, soprado por uma fé intolerante, voraz e monolítica. Foi o tempo descrito por Gore Vidal em Juliano, quando a nova religião brotava feito dardos atravessando as folhas quebradiças do outono; a época recriada também por Marguerite Yourcenar nas páginas que parecem gravadas em mármore de Adriano. Mil anos antes dos esconjuros balbuciados pelas bruxas de Macbeth num pântano de infortúnios.
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre:
- história