Sim, eu sei que o Dia das Mães já passou faz quase um mês. Acontece que, desde 30 de maio de 1958, para mim todo dia é dia das mães. Meu analista disse que não vê nenhum problema nisso. Bom, falando sério, de olhos bem abertos e sem flerte edipiano: muita gente, incluindo meu analista imaginário, acha que falo demais na minha mãe. E eu acho que eles têm razão: volta e meia me pego contando histórias da velha. É que, para um fabulador como eu, ela era um manancial de causos e frases feitas – a maioria delas feita em casa. Brizola, por exemplo, era "o pequeno Nero da Praça da Matriz", para o qual ela pensava em enviar uma lira "para ele dedilhar enquanto Porto Alegre arde em chamas". Ao mesmo tempo – na verdade 10 anos depois –, definiu o general Geisel (esse que voltou a ser má notícia faz pouco) como "um frade de colégio interno que trocou a batina pelo uniforme".
Rainha do lar
Minha mãe foi uma das primeiras mulheres da "sociedade" a ir à luta
Quando meu coroa ficou duro, ela arregaçou as mangas (de cetim), ralou muito e refez sua vida
Eduardo Bueno