Um argentino amigo meu era diretor de um grande banco internacional aqui de Boston. Certo dia, ao ouvir as explicações de uma funcionária a respeito de determinada pendência no trabalho, ele brincou:
– As mulheres estão sempre me enganando: minha mãe mente pra mim, minha mulher mente pra mim e agora tu estás mentindo pra mim…
A americana fechou a cara e, ao sair da reunião, queixou-se do comportamento dele com seus superiores. Meu amigo levou uma advertência.
As delicadas suscetibilidades modernas foram gestadas aqui, nos Estados Unidos.
Lembrei-me dessa história porque quero dizer exatamente o que disse o meu amigo: as mulheres estão sempre me enganando.
Desta vez, quem me embaiu foi a Bruna. A Marquezine. Escrevi que ela pintou o cabelo de loiro, fiz toda uma crônica analisando as implicações psicológicas da mudança e… era mentira! Bruna apenas enfiou uma peruca loira em sua cabecinha morena.
Mesmo assim, devo ressaltar que ficou perfeito. Não podia desconfiar de que aquele não fosse realmente o cabelo dela.
Houve uma época em que as mulheres usavam perucas. Minha mãe tinha uma, feita com seu próprio cabelo. Por que uma mulher usa uma peruca confeccionada com seu próprio cabelo, sendo que, debaixo da peruca, ela continua tendo cabelo?
Mistérios femininos.
Perucas de mulher são muito reais. As dos homens, não. As dos homens sempre têm aquela franja estranha, a não ser as caríssimas, como a que usava o Eike Batista. Será que o Eike botou nova peruca? Espero que sim. Ele gostava tanto daquele cabelo…
Um artista que usava peruca era o Ivon Curi. Você não deve saber quem é, mas, no passado, Ivon Curi foi famosíssimo. Uma vez, ele foi fazer um show em Porto Alegre e hospedou-se no Grande Hotel, que ficava ali onde hoje é o Rua da Praia Shopping. À certa hora da noite, Ivon saiu à sacada para "tomar a fresca" e, zunindo do Guaíba em direção à Zona Norte, veio o Minuano traiçoeiro, que lhe arrancou a peruca de uma lufada e jogou-a no teto da antiga Caldas Júnior.
E agora? No dia seguinte, Ivon tinha show e ele não poderia fazê-lo sem a peruca. Para ele, ter cabelos era questão de honra. Foi um drama, os bombeiros foram acionados, o maior tumulto. Uma multidão se reuniu em volta do prédio para acompanhar o resgate, e foi assim que Porto Alegre, antes de todo o país, descobriu que Ivon Curi usava peruca.
Mas não sei por que estou me alongando, só queria fazer algumas correções. Outra é sobre o Encouraçado Butikin, que classifiquei como um dos melhores bares de Porto Alegre. Recebi dezenas de mensagens me corrigindo. Foram mais de 40, por Deus. Não podia imaginar que o Encouraçado fosse ainda tão caro aos porto-alegrenses. Eles explicaram que aquele bar não era um bar, era um night club. Uma boate.
Um dos leitores inclusive descreveu uma das ilustres frequentadoras do Encouraçado: ninguém menos do que Tânia Carvalho. Ele se confessou um admirador silencioso dela. Nunca se falaram, ela apenas passava e ele sentia-lhe o aroma de manhãs de verão e suspirava. Contou-me, esse hoje respeitável senhor, que a Tânia usava minúsculas minissaias e que, quando entrava no bar (night club, vá lá), a temperatura se elevava pelo menos cinco graus.
Mais não digo, porque a Tânia hoje é uma mulher casada (e bem casada!) com meu bom amigo Felicinho.
Mas, tudo bem, são histórias antigas, inofensivas, de um tempo mais suave. Muito mais suave.