Ansiedade é ter a convicção de que tudo de ruim vai acontecer se você não tomar a iniciativa. Vive, então, num estado permanente de precipitação. É pessimista sem motivo. Com motivo, é desesperado.
O ansioso cria problemas com medo dos problemas. Recicla traumas. Renova apreensões.
Como experimenta uma desconfiança constante de que o pior é inevitável, vai apagando incêndios que nem começaram. Acredita piamente que, se não fosse o seu gesto preventivo, seria ainda mais prejudicado (e queimado por fofocas imaginárias).
A ansiedade coloca uma pressão desmedida para solução de banalidades. A pessoa não protela coisa nenhuma, assume contingências do cotidiano como verdadeiras urgências.
O tempo é sofrimento e a paciência revela apenas desinteresse.
Tanto que o ansioso não dorme, mas desmaia, devido ao esgotamento mental. Pois usa a sua energia inteira sem necessidade.
Veja se você sofre desse problema:
— Questiona o que o outro achou da comida antes de ele sequer prová-la.
— Observa que o outro visualizou uma mensagem sua, não respondeu, e já pensa que ele está chateado com algo que você fez.
— Aproxima-se de uma roda de colegas rindo e tem a certeza de que estão falando mal de você.
— Programa o alarme do celular e acorda no meio da noite para verificar se está funcionando.
— Quando é chamado para a sala do chefe, jura que será demitido.
— Não registra sua memória recente. Confere se a porta está fechada na hora de dormir. Após sair de casa, retorna para checar se a cafeteira permaneceu ligada.
— Perde o celular, as chaves, o cartão de crédito com frequência, especialmente quando se encontra atrasado.
— Inventa uma gincana por dentro. Não é capaz de seguir adiante se não resolver uma tarefa. Mantém uma hierarquia inalterável de objetivos durante o dia. Não admite nada inacabado. Empaca naquilo que não depende de você.
— Entra de férias e, logo no primeiro dia, olha os e-mails.
— Mesmo feliz numa festa, tem pressa para voltar à sua casa.
A ansiedade coloca uma pressão desmedida para solução de banalidades.
— Não sabe diferenciar um pedido de uma ordem. Não sabe diferenciar o que é para hoje do que é para amanhã.
— Julga que está sempre sendo testado, que toda conversa é uma avaliação de seu comportamento.
— Entende uma crítica como o fim da amizade.
— Ofende-se com qualquer brincadeira, porque se põe a ler as entrelinhas.
— Exagera na mala. Carrega cinco livros na viagem e não lê nenhum deles.
— Desculpa-se quando ainda nem errou.
— Se não consegue acessar as suas redes sociais por um momento, supõe que foi hackeado.
— Realiza o trabalho dos demais só para não ter que aguardar. Depois, reclama que está sobrecarregado.
— Puxa a descarga antes de terminar de fazer xixi.
— Odeia ser chamado de ansioso.