Caiu o único ministro gaúcho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): Paulo Pimenta. O jornalista de formação e deputado federal estava chefiando a Secretaria de Comunicação Social (Secom). Seu desligamento foi anunciado na terça-feira (7).
Não temos mais um representante no primeiro escalão do Governo Federal. O que é um tanto temerário com a profusão de verbas pendentes para a reconstrução do estado após a enchente de maio, o maior desastre natural da nossa história. Das 17,3 mil unidades habitacionais prometidas pelo Planalto — que garantiu dar uma nova casa a todas as famílias das faixas 1 e 2 do Minha Casa Minha Vida que tiveram moradia destruída pela inundação —, foram entregues apenas 376 até o fim de setembro.
2024 terminou com 1.228 pessoas ainda vivendo em abrigos: 63% estão na Região Metropolitana e 19,7%, no Vale do Taquari.
Ou seja, é um momento de necessária interlocução para apressar a realização das obras.
Não sei qual foi a última gestão sem nenhum gaúcho. Deve fazer tempo que não temos esse hiato de representação federal, mesmo em fases de transição e de formação intermediária do governo. Eu não me lembro.
Dos 39 ministérios, é estarrecedor que não contamos com sequer um nome do nosso estado.
Será que Lula não enxerga nenhum quadro emergente na esquerda gaúcha?
Não bastassem os resultados desfavoráveis para o Partido dos Trabalhadores nas últimas eleições municipais, a lacuna ministerial soa como um descrédito diante da renovação de quadros.
Pimenta, que deveria ser o candidato virtual da sigla para o Governo do RS no próximo pleito, acabou sendo demitido duas vezes em um trimestre: com a extinção do Ministério da Reconstrução e agora com o seu afastamento da Secom.
Acho que isso não é chancelar sua força eleitoral.
A alegação para a sua demissão é que Lula precisa melhorar a imagem, pois os indicadores positivos, como a redução da taxa de desemprego (6,1%), não vêm sendo destacados e alardeados.
Mas diante da disparada recorde do dólar (que ultrapassou a marca de 6 reais), das brigas folclóricas do presidente com o mercado, do polêmico pacote de corte de gastos, com a inexplicável isenção do Imposto de Renda aos assalariados com vencimentos de até R$ 5 mil, e do leilão de emendas parlamentares, como melhorar a imagem?
O presidente queria que Pimenta mentisse? Ele efetuava o possível em face da alta dos preços e queda da popularidade de Lula.
A República torna a adotar aquele velho hábito de demitir um ministro como forma de apontar um culpado pela crise, justificando na ausência de propaganda o fato de experimentar a menor aprovação popular do mandato desde dezembro de 2023.
De acordo com o Datafolha, Lula hoje é considerado ótimo ou bom para 35% da população, enquanto 34% o avaliam como ruim ou péssimo. Portanto, caminha no fio da navalha entre a aclamação e a vaia.
O tombo de Paulo Pimenta é o conhecido sacrifício da militância em nome de seu líder.
O sucessor Sidônio Palmeira, publicitário que comandou o marketing de Lula em 2022, terá que dar grandes notícias. A questão é encontrá-las.
Na própria campanha de Sidônio, Lula afirmava que o povo brasileiro voltaria a comer picanha e a tomar cervejinha.
O preço médio para um quilo de picanha estava a R$ 77,44 em novembro de 2024. O valor é R$ 9,77 mais caro do que o preço da carne no fim de 2023, quando o corte era comercializado a R$ 67,67.
Vamos nos virando com o salsichão no cacetinho.