O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Marcada para julho, a eleição para o comando do PT no Rio Grande do Sul começa a movimentar as correntes com representatividade no Estado. Ainda não há nomes colocados, mas entre diferentes grupos há disposição de tentar um consenso que evite disputa pela presidência do partido.
Ainda incipiente, a tese da unidade tem simpatia na tendência Socialismo em Construção, que atualmente é a maior do PT gaúcho, comanda o diretório estadual e tem como principal expoente o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta.
O grupo inclusive estaria disposto a abrir mão da presidência em um acordo que envolva a distribuição de espaços na direção e na campanha de 2026, na qual Pimenta deverá disputar o Senado.
Outro que está empenhado na construção do consenso é Edegar Pretto, virtual candidato a governador, visto que a pacificação interna evitaria contestações a seu nome e facilitaria a atração de aliados.
O principal desafio será atrair a Democracia Socialista, que já foi o maior grupo interno do PT, mas perdeu espaço nos últimos anos. Hoje, abriga quatro deputados estaduais e tem como prioridade combater a tese de migração do partido ao centro, mas ainda não selecionou um nome para a disputa interna.
A discussão ainda precisaria incluir as outras tendências com relevância no Estado, como a Articulação de Esquerda, que tem como um dos líderes o deputado federal Dionilso Marcon, o Avante, da deputada Maria do Rosário, e a Resistência Socialista, do ex-deputado Henrique Fontana.
Para que o intento prospere, no entanto, será necessária, de um lado, uma costura de acordo programático e, de outro, a distribuição de espaços internos que contemple todos os envolvidos.
Até agora, o único nome colocado para a eleição interna é o de Thiago Braga, da tendência minoritária Movimento PT, que sustenta a tese de que o partido deve se aproximar do centro.
Caso o acordo entre as principais correntes não avance, o grupo de Pimenta teria preferência pelo deputado estadual Valdeci Oliveira em uma eventual disputa. Outro quadro apontado nos bastidores é Ary Vanazzi, da Articulação de Esquerda, que já foi presidente do partido no RS.
Embora a data já tenha sido definida, o diretório nacional do PT pretende se reunir em fevereiro para definir as regras da eleição interna nos Estados. Até lá, o cenário no RS deverá ganhar contornos mais concretos.
Aliás
Uma amostra de que há ambiente para a formação de consenso na cúpula do PT gaúcho foi emitida em dezembro, quando o diretório nacional discutiu uma resolução sobre o corte de gastos proposto pelo governo Lula.
Na reunião, as correntes mais representativas no RS ficaram contra o texto apresentado pelo bloco majoritário Construindo um Novo Brasil (CNB), que acabou aprovado.
De cima para baixo
Cientes de que há pouco espaço para articular alianças com partidos de centro no Rio Grande do Sul, líderes do PT no Estado almejam uma contribuição de Brasília para ampliar a chapa em 2026.
A ideia é construir a tática eleitoral em sintonia com o diretório nacional, na tentativa de que o apoio no Rio Grande do Sul seja uma das condicionantes para fechar composições em outros Estados.