Os machões dirão que o homem deve lutar pela sua honra. Não há mal nisso. A questão é que deve ser pela sua honra.
No caso de Will Smith, ele tomou as dores da esposa. Como se ela não pudesse se defender. Como se ela fosse dele. Foi um mansplaining familiar.
"Mantenha o nome da minha esposa longe da p*rra da sua boca!"
Por mais que confunda as fronteiras morais, família não é propriedade. O outro não é o seu domínio a ponto de intervir ou gerar violência sem consulta prévia.
O revide é uma decisão pessoal. A atitude de desagravo deveria partir de Jada Pinkett Smith. Ela definiria o que fazer diante da piada infame sobre a sua doença, se esbofetearia o comediante Chris Rock, se sairia do Dolby Theatre, se adotaria o silêncio do boicote ou o escárnio das respostas.
Até porque ela não depende de nenhum protetor, inteligente e articulada sempre se virou sozinha. Raspou a cabeça para chamar atenção aos cuidados que se precisa ter com a alopecia.
"Cheguei ao ponto em que só posso rir. Vocês sabem que eu tenho lidado com a alopecia e, do nada, apareceu essa falha aqui. Olhem só. Ela veio do nada e vai ser mais difícil de esconder. Então achei melhor mostrar para todos, para não surgirem dúvidas", disse em um vídeo.
Aos 50 anos, atriz, dubladora, cantora e empresária norte-americana, apresentadora do programa Red Table Talk, que já atuou em filmes como Matrix Reloaded e Matrix Revolutions e na série de TV Gotham, tem uma carreira luminosa que não fica nem um pouco à sombra do agora oscarizado marido.
Pensando bem, nem eu poderia ter escrito isso, determinando como ela merecia agir, entende?