Condição de saúde que está no centro do episódio mais comentado e polêmico da cerimônia de entrega do Oscar, na noite deste domingo (27), a alopecia provoca queda de cabelo, o que levou a atriz e apresentadora Jada Pinkett Smith a tomar a decisão de raspar completamente a cabeça.
Em dezembro passado, a esposa de Will Smith — vencedor da estatueta de melhor ator, que subiu ao palco e deu um tapa no rosto de Chris Rock quando o comediante fez uma piada sobre a aparência de Jada —, informou a seus seguidores no Instagram que havia decidido assumir de vez o novo visual: "Eu e essa alopecia seremos amigas... e ponto!", escreveu na postagem.
A atriz revelou o diagnóstico em 2018, após uma experiência que classificou como "aterrorizante": estava perdendo grandes tufos de cabelo durante o banho. "Foi um daqueles momentos da minha vida em que eu estava literalmente tremendo de medo", relembrou em um dos episódios de seu programa, Red Table Talk.
Há dois tipos principais de alopecia: a androgenética e a areata — este, pelo que se observa em fotos, é o que acomete Jada. Médica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Samanta De Rossi explica que a alopecia androgenética é a chamada calvície, que pode afetar homens e mulheres, sendo menos comum entre o sexo feminino. Está relacionada a características genéticas da pessoa. A queda capilar é mais difusa, sendo mais pronunciada em alguns locais, como o topo da cabeça, na risca do cabelo ou em entradas laterais, sobre as têmporas.
— A pessoa responde de forma um pouco diferente à ação dos hormônios masculinos (andrógenos) no couro cabeludo. O cabelo cicla ao longo da vida. Em quem tem alopecia androgenética, no momento em que o cabelo cicla, o folículo se insere em uma região mais superficial, e o pelo produzido pelo folículo vai ficando mais fino — diz Samanta.
Com o passar do tempo, o cabelo vai se miniaturizando: torna-se mais fino e curto, até chegar ao estágio de um pelinho que não cobre mais o couro cabelo.
— Pode acontecer antes da velhice. Nos homens, é até mais comum em uma idade mais precoce do que nas mulheres. Depende muito da genética — complementa a dermatologista.
Quanto à alopecia areata, é uma doença autoimune — as células de defesa do organismo atacam o próprio corpo, neste caso, as células do folículo piloso, que produz a haste do pelo e do cabelo.
— A androgenética é progressiva, já a areata acontece de repente, é súbita. É mais comum que ocorra em placas (áreas de falha no couro cabeludo). A pessoa tem uma propensão para a alopecia areata e, por algum gatilho, como um estresse mais intenso, acaba desencadeando uma resposta autoimune, que causa uma inflamação brusca e forte nos folículos, e o pelo acaba caindo ou quebrando. Fica praticamente sem pelos naquela placa — descreve Samanta.
A alopecia areata também se apresenta como difusa (de forma mais espalhada, sem áreas totalmente sem cabelos), generalizada (quando caem todos os fios do couro cabeludo) e universal (além de todos os fios de cabelo, perdem-se ainda os pelos do corpo). Outros locais, como barba, cílios e sobrancelhas, também podem ter alopecia.
Tratamento
Para qualquer caso de queda capilar, é fundamental a avaliação de um especialista. No caso da alopecia androgenética, o potencial do tratamento depende da situação no momento do diagnóstico. Será necessária uma intervenção permanente, para a vida toda, pois não há cura, apenas controle.
— Precisa ser descoberta cedo, e tem de ter bastante paciência — salienta Samanta.
Quanto à alopecia areata, o tratamento combaterá a inflamação e a atividade autoimune, o que permite que o cabelo cresça novamente. Em geral, a queda pode ocorrer em outros momentos futuros. Pelos de outras regiões, como cílios e barba, também são suscetíveis. Se a doença se caracterizar pela perda universal (disseminada), pode, para algumas pessoas, se tornar crônica.
— Chega uma hora em que não nasce mais cabelo. Não quer dizer que o folículo esteja morto, mas a alopecia se cronifica, e não nasce mais cabelo. É o mais drástico — pontua a médica do HCPA.
Sinais de alerta
É normal perder de 50 a cem fios de cabelo por dia, algo fácil de se notar no banho ou sobre o travesseiro. Se você perceber aumento da queda, é preciso investigar as causas. Busque a orientação de um dermatologista para tirar dúvidas e, se necessário, dar início ao tratamento indicado o mais rapidamente possível.
Preste atenção a fatores como
- Diminuição do volume e da quantidade de cabelo na cabeça
- Surgimento de placas (áreas) sem cabelo
- Coceira, dor ou lesões (feridas, espinhas) no couro cabeludo
- Áreas sem pelos na barba, nos cílios ou nas sobrancelhas