O que não pode faltar na ceia de Natal? O peru é o item número um, com 32,5% da lembrança dos consumidores, segundo pesquisa feita pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). Tradicionais na ceia, os animais disputam espaço na mesa com os frangos especiais — que levam nomes comerciais como Chester, Bruster e Fiesta. Mas não se confunda, o peru é diferente: da produção mais complexa nas granjas à carne firme e com sabor acentuado.
No Brasil, apenas duas indústrias abatem o animal: a BRF, que engloba as marcas Sadia e Perdigão, e a JBS, dona da Seara Alimentos.
— É um mercado muito específico. A venda se concentra em dezembro e na exportação, além de produtos industrializados como embutidos e empanados — explica Nestor Freiberger, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
Entre as aves natalinas vendidas nesta época do ano no Rio Grande do Sul, Freiberger estima que 70% sejam frangos especiais e 30% perus:
— O valor do quilo do peru é em torno de 20% mais caro, além de ser um animal mais pesado. Isso acaba influenciando na escolha.
Para não errar na escolha
- Ao escolher uma ave natalina, os consumidores deparam com várias opções nas gôndolas dos supermercados: peru, Chester, Bruster, Fiesta ou frango especial.
- Mas afinal, qual a diferença entre esses produtos? Em suma, são duas espécies de animais, o peru e o frango.
- Os perus são mais difíceis de criar, sensíveis a variações de temperatura e, por isso, exigem cuidados específicos. Levam em torno de cem dias para serem abatidos. A carne é mais escura do que a de frango, tem sabor acentuado e consistência mais firme.
- Todos os demais — Chester, Bruster e Fiesta — são marcas comerciais de frangos especiais, que chegam a pesar o dobro de um animal comum. O maior rendimento de carne é resultado de seleção genética (cruzamento de animais com características específicas).
- Seja qual for a ave que estará na sua ceia, o desejo é de um Natal farto.
Vendas concentradas em dezembro
O preço é justificado pelos custos de produção mais elevados, de 20% a 30%, na comparação com os frangos. A criação dos animais requer condições específicas de temperatura, exigindo mais investimento em instalações e energia elétrica. Além disso, a conversão (alimentação ingerida e ganho de peso) é mais lenta. Enquanto os frangos são abatidos com pouco mais de 50 dias, os perus levam até cem dias para ficarem prontos.
No Rio Grande do Sul, a única empresa a abater o animal é a Seara Alimentos, do grupo JBS, em Caxias do Sul, na Serra. São cerca de 250 produtores integrados na região.
Líder no país, com mais de 80% do mercado de perus, a BRF tem produção de perus em Chapecó (SC). Dos abates anuais da indústria, metade é comercializada no período de fim de ano.
— As vendas são concentradas nos últimos 15 dias antes do Natal — afirma Luzia Goldbeck, gerente-executiva de marketing de categoria da BRF.
Para dar conta de toda a demanda desta época do ano, a indústria começou os abates ainda em abril.
Aves natalinas 7,5% mais caras
Até 24 de dezembro, a estimativa da Agas é de que cerca de 880 mil aves natalinas (peru e frangos) serão vendidas pelos supermercados gaúchos — 8,2% a mais do que no Natal de 2018. Segundo a entidade, as diversas opções estão com preço médio 7,5% mais alto do que no ano passado.
— Os gaúchos deverão novamente privilegiar as aves mais acessíveis e de preparo rápido — prevê Antônio Longo, presidente da Agas.
O peru ocupa o centro da mesa na refeição mais simbólica do ano. É um ícone do Natal.
LUZIA GOLDBECK
Gerente-executiva de marketing de categoria da BRF
Normalmente pesando mais do que os frangos, os perus chegaram às gôndolas com diferentes tamanhos: de 3,5 quilos a até 14 quilos. A tradição de comer esse tipo de carne na ceia natalina vem dos Estados Unidos, onde o prato é obrigatório na celebração de Ação de Graças. A Sadia foi pioneira ao introduzir o peru no mercado brasileiro, há mais de 50 anos.
— O peru ocupa o centro da mesa na refeição mais simbólica do ano. É um ícone do Natal — acrescenta Luzia Goldbeck, gerente-executiva de marketing de categoria da BRF.
Mais tarde, a então concorrente Perdigão, hoje do mesmo grupo da Sadia, lançou um substituto: o frangão com maior quantidade de peito, por isso o nome Chester, em inglês, peitudo.
Atenção: acesse o site e o aplicativo GaúchaZH usando o seu e-mail cadastrado ou via Facebook. O nome de usuário não está mais disponível. Acesse gauchazh.com/acesso e saiba mais.