Duas estiagens e uma enchente depois, a agropecuária colhe uma recuperação fundamental para empurrar o PIB do Rio Grande do Sul em 2024. Ainda assim, a retomada não é suficiente para levar o setor para o patamar interrompido pelo tempo seco, mostram dados divulgados nesta quinta-feira (2) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), da Secretaria de Planejamento, Gestão e Governança.
O Valor Adicionado Bruto (VAB, que não inclui os impostos) entre outubro de 2023 e setembro de 2024 ainda é 11,8% abaixo do registrado em 2021. Na ocasião, quando o Estado colheu a maior safra de grãos da história, esse indicador atingiu o pico da série histórica iniciada em 2002.
— A agropecuária é o que está fazendo a grande puxada (do PIB, em 2024), lembrando que é em cima de um ano de estiagem — ponderou Pedro Zuanazzi, diretor do DEE.
Depois de 2021, a escassez de chuva primeiro fez despencar e, depois. limitou a recuperação da safra de grãos. A produção da soja caiu de 20,42 milhões de toneladas para 9,37 milhões de toneladas em 2022. No ano seguinte, 2023, o volume colhido somou 12,7 milhões. E em 2024, esperava-se uma grande retomada, mas a intensidade foi contida pela força da catástrofe climática.
O pesquisador do DEE Martinho Lazzari pontuou que a expansão de 37,1% da agropecuária no acumulado de janeiro a setembro de 2024 "pega toda a recuperação da safra, principalmente a produção de soja". No Brasil, em contrapartida, o resultado nesses mesmo período foi impactado pela estiagem de Estados produtores.
— A diferença está na agropecuária — resumiu Lazzari, sobre o crescimento do PIB do RS, maior do que o do país.
No acumulado do ano, o Estado teve alta de 5,2%, ao passo que o país, registrou aumento de 3,3%.
A queda no terceiro tri
Na comparação do terceiro trimestre de 2024 com o trimestre imediatamente anterior, o PIB da agropecuária recuou 30,6% — e o do RS, como um todo, 0,3%. Queda explicada pela base de comparação e pela sazonalidade.
— Em anos de recuperação pós-estiagem, começa-se com uma taxa bem forte, no segundo trimestre mais ainda e, no terceiro, meio que volta ao padrão. E é um trimestre de transição entre as culturas de verão e de inverno — explicou Martinho Lazzari, pesquisador do DEE.