
O percentual de crescimento das exportações de ovos do Brasil para os americanos é tamanho que pode dar a impressão de erro, mas não é. Dados divulgados nesta segunda-feira (12) pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que os embarques da proteína para os Estados Unidos nos primeiros quatro meses de 2025 somaram 5,57 mil toneladas, aumento de 816,4% na comparação com igual período de 2024.
Essa expansão estratosférica é reflexo de uma conjuntura particular, que obrigou os americanos a abrirem suas portas ao ovo para termo processamento local, em fevereiro deste ano. Até então, a proteína brasileira que entrava destinava-se apenas ao mercado de comida pet. Ou seja, o avanço se dá sobre uma base de comparação inexistente, o que ajuda a explicar os "númerões".
A ampliação dos negócios veio em razão da necessidade de abastecimento do mercado interno dos EUA, que teve a oferta local de ovos drasticamente afetada pelo vírus da influenza aviária.
O apetite dos EUA ajudou a garantir uma alta de 133,8% no total de embarques de ovos do Brasil, com 13 mil toneladas de janeiro a abril. Em receita, o crescimento é ainda maior: 152,6%, com US$ 28,3 milhões.
— A ampliação das vendas para os Estados Unidos e o Japão, por exemplo, reforça a confiança internacional na qualidade e na segurança da nossa produção — avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin, sobre o momento.
Quinto maior produtor e segundo maior exportador da proteína, o Rio Grande do Sul se prepara para acessar o mercado americano — a abertura é recente. Para o Estado, há um outro fator que tem pesado nos negócios e ajuda a explicar por que o resultado das exportações no primeiro quadrimestre vai na contramão do país.
Conforme a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), o volume caiu 24% no período, mas a receita subiu 7,6%. A ausência do mercado chileno ainda é sentida — o país da América do Sul suspendeu as compras do RS após o caso da doença de Newcastle, em julho do ano passado.
— Estávamos com uma exportação intensa para o Chile, aí houve esse bloqueio. A fatia que ia para lá, retomaremos assim que anunciada a reabertura — projeta José Eduardo dos Santos, presidente da Asgav.
A vinda de uma missão, prevista para junho, faz crescer a expectativa dessa retomada. É que essa etapa faz parte do protocolo sanitário do Chile.
— A partir do momento que teve essa queda (do Chile), houve um redirecionamento, em vez de exportar ovos in natura se exporta processado, líquido ou em pó — completa Santos.