O Rio Grande do Sul está muito próximo de tirar do papel um projeto antigo para valorizar a carne bovina produzida no bioma pampa. Prestes a fechar parceria com dois frigoríficos, a Associação dos Produtores do Pampa Gaúcho (Apropampa) colocará no mercado um selo para atestar a origem e a qualidade do produto. O projeto abrange animais de raças taurinas e sintéticas, nascidos e criados no Estado em sistemas de alimentação predominantemente a pasto.
– Precisamos diferenciar nosso produto no mercado, dando a ele identificação que seja valorizada pelo consumidor – afirma Custódio Magalhães, presidente da Apropampa, que reformulou o programa com apoio da Embrapa, Ministério da Agricultura e governo do Estado.
Na segunda-feira (28), a entidade reunirá os associados para definir os últimos detalhes da certificação, que deverá chegar ao mercado ainda neste ano. Uma das mudanças feitas no novo regramento e sistema de controle do programa é não conceder exclusividade a frigoríficos.
– Não é possível ficar dependente apenas de uma indústria. Isso prejudicou o projeto no passado – explica Danilo Menezes Sant’Anna, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul.
Maior flexibilidade para ampliar escala
Com o regramento mais flexível, a ideia é aumentar a escala do produto, sem descaracterizar a carne do pampa. Todas as propriedades participantes terão acompanhamento técnico da Apropampa, a fim de garantir o cumprimento das normas e de protocolos de bem-estar animal.
– O objetivo é também desenvolver a região, por meio de produtos com identificação de origem que possam ser vendidos para a Europa, dentro do acordo com o Mercosul – acrescenta o pesquisador.
A criação de uma marca coletiva para a carne gaúcha é uma ideia que não vem de hoje. Em 2016, quando o projeto estava próximo de ser concretizado, o rompimento com o único frigorífico parceiro inviabilizou o lançamento.
Em 2006, a região conseguiu a indicação de procedência da carne do pampa gaúcho. Porém, o selo ficou limitado a produtos das raças angus e hereford (ou do cruzamento entre elas) e incluiu apenas 11 municípios do sudoeste do Estado.
– A restrição foi um dos motivos que impediu que a identificação vingasse como produto comercial – lembra o presidente da Apropampa, que engloba hoje 150 produtores.
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