Em uma final do Freio de Ouro marcada por arena lotada e tempo ensolarado, cabanhas desbancaram o favoritismo de competidores que disputavam o bi e o tri campeonato e levaram pela primeira vez o troféu. O cavalo Santa Alice Nublado II, da Estância Alice e El Casillero, fez história ao conquistar a maior nota entre os machos e a segunda maior da história da competição — considerada a mais importante da raça crioula no país.
Montado pelo ginete Fernando Andrighetti, o animal saiu na ponta ainda na quinta-feira, na prova de morfologia, que representa 37% da nota final. Desde então, não largou mais a liderança, confirmando o título neste domingo nas provas de mangueira e de campo — diante de quase 15 mil pessoas que vibraram nas arquibancadas durante a Expointer, em Esteio.
— O cavalo quase gabaritou todas as provas, isso é muito difícil de acontecer. Trata-se de um animal bonito, funcional, calmo e bem domado, todas as virtudes exigidas pela competição — pontuou Luciano Correia Passos, um dos jurados dos machos.
Somando todas as provas, o animal alcançou média 22,978. Campeão do Freio de Ouro pela primeira vez, o ginete parecia não acreditar no feito.
— Estava tão concentrado na prova que a ficha não caiu — disse Andrighetti, 34 anos.
Criado pela Estância Alice, de Rosário do Sul, e El Casillero, de Passo Fundo, o animal foi preparado durante quase dois anos.
— A dedicação é ponto chave. O comprometimento da equipe foi total — afirmou Juliano Biazus, um dos proprietários do animal.
Além da projeção para a genética dos criatórios e ao trabalho dos ginetes, os vencedores do Freio de Ouro ganham R$ 50 mil.
Se, entre os machos, a liderança foi mantida desde o primeiro dia da final, entre as fêmeas, a ponta foi se alternando ao longo das provas de morfologia, mangueira e campo. No sábado, a égua Campana Vicuña assumiu a liderança e não largou mais. Montado pelo ginete Fábio Teixeira da Silveira, 32 anos, o animal manteve o bom desempenho, no domingo.
— A égua tem um temperamento fantástico. A dona fez toda a diferença também — destacou o ginete, três vezes Freio de Ouro — em 2008, 2013 e, agora, em 2019.
Ao conquistar o lugar mais alto do pódio mais de 10 anos após o primeiro título, o ginete afirma que a competição está mais acirrada a cada ano:
— Só de chegar à final, no domingo, já é uma vitória. A competição se renova muito, com novos profissionais.
O título é o primeiro Freio de Ouro da Cabanha JLV, de Santa Margarida do Sul.
— Preparamos essa égua durante cinco anos. Esse título é a consolidação de um trabalho árduo. Que seja o primeiro de muitos — comentou José Valmir D'Ávila, da JLV.
Primeiro jurado argentino do evento, Federico Arguielles declarou que o título da égua foi resultado de conjunto do desempenho em todas as provas:
— A qualidade dos animais, de forma geral, impressiona.
Resultados
FÊMEAS
Freio de Ouro: Campana Vicuña, Cabanha JLV, de Santa Margarida do Sul, ginete Fabio Teixeira da Silveira. Média: 21,407.
Freio de Prata: Ibérica da Vendramin, Estância Vendramin, de Palmeira (PR), ginete Fabricio Brunelli Barbosa. Média: 20,990.
Freio de Bronze: Independência do Espigão, Cabanha Espigão, de Canoinhas (SC), ginete Daniel Teixeira. Média: 20,843 .
MACHOS
Freio de Ouro: Santa Alice Nublado II, Estância Santa Alice, de Rosário do Sul, e El Casillero, de Passo Fundo, ginete Fernando Andrighetti. Média: 22,978.
Freio de Prata: Urco de Santa Thereza, Estância Santa Maria, de Bagé, ginete Jose Fonseca Macedo. Média: 21,460.
Freio de Bronze: Jotace Amuleto, Cabanha Jotace, de Barra do Quaraí, ginete Raul Teixeira Lima. Média: 21,050.