A Embrapa, com sua rede de parceiros públicos e privados, analisou tendências nacionais e internacionais sobre transformações tecnológicas, sociais, econômicas e ambientais. Como resultado, está disponibilizando um amplo e profundo estudo sobre o futuro da agricultura brasileira sintetizado em sete megatendências.
O documento mostra que os processos de expansão, especialização e intensificação pecuária e agrícola serão ainda mais dinâmicos e continuarão a impulsionar a velocidade das mudanças socioeconômicas e espaciais na agricultura. A sociedade consumidora demandará das instituições públicas e do setor produtivo atenção ainda maior à intensificação e à sustentabilidade dos sistemas de produção agrícolas diante da limitação de recursos naturais, especialmente solo e água.
A mudança do clima indica ainda mais riscos e impactos para a agricultura, uma condição em que novas tecnologias de adaptação, mitigação e monitoramento dos efeitos deverão ser desenvolvidas para as diferentes realidades rurais do país.
Questões ambientais, energéticas, sanitárias (animais e vegetais), insumos, investimentos, mercado e comercialização poderão elevar ainda mais os riscos na agricultura. A agregação de valor nas cadeias produtivas será crescente com a diversificação e ampliação no uso da biodiversidade para atender expectativas de consumidores mais exigentes e propensos a pagar preço-prêmio para produtos rastreados e certificados.
As mídias sociais e plataformas de comércio eletrônico aceleram o protagonismo dos consumidores e impulsionam ainda mais a interação entre produtores, comerciantes e consumidores na valorização de produtos regionais, orgânicos, vitamínicos, alergênicos, gourmet e naqueles em que o bem-estar animal esteve garantido.
O meio rural passará por transformações ainda mais profundas baseadas na convergência tecnológica e de conhecimentos da biotecnologia, nanotecnologia e geotecnologia, proporcionando novos patamares de produtividade e sustentabilidade por meio da genética e da agricultura digital.
Diante desse cenário, a produção de alimentos, fibras e bioenergia continuará no epicentro de discussões tecnológicas, ambientais, sociais, econômicas e políticas. As organizações públicas e privadas devem estar preparadas para seguir apoiando o contínuo desenvolvimento da sociedade e minimizar as desigualdades regionais.
Afinal, vulnerabilidades e incertezas serão crescentes e, nesse futuro próximo, não bastará produzir maiores volumes. Será fundamental produzir com mais qualidade, reduzir custos, minimizar riscos e conservar os recursos naturais.
Dr. Édson Bolfe é pesquisador, coordenador do Sistema Agropensa - Embrapa