As mudanças no perfil das vagas de emprego no campo estão diretamente relacionadas à tecnologia e à necessidade de formação diferenciada. Veja aqui o que esperar nos próximos 20 anos e quais são as projeções quando o assunto é contratação de mão de obra nas propriedades rurais.
Enxada será artigo de museu
A enxada, instrumento amplamente utilizado nas últimas décadas pelos agricultores, está praticamente com os dias contados. A velocidade do surgimento de novas tecnologias indica que, em pouco tempo, este será um item de museu. Assim como os jovens da atualidade não chegaram a conhecer as fitas cassete, as novas gerações de agricultores trocarão esse instrumento por outros que facilitem o trabalho e cumpram a mesma função com mais eficiência, como a enxada rotativa. Com tecnologia, as atividades pesadas do campo devem diminuir, trazendo mais comodidade, menos esforço e maior produtividade.
Em busca de paz e sossego
O “êxodo urbano”, movimento de abandono da rotina na cidade em busca de tranquilidade no campo, ganhará força. Com maior consciência sobre os problemas de saúde desencadeados pelo estresse, mais pessoas decidirão largar o emprego estável nas metrópoles, vender apartamento e carro para mudar radicalmente o estilo de vida. Neste contexto, uma das tendências é a aposta na produção de alimentos saudáveis como fonte de renda. Esse grupo de "imigrantes", geralmente, se caracteriza por jovens empreendedores que priorizam o convívio com a natureza e a qualidade de vida ou por casais de aposentados.
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Mudanças na CLT causam apreensão no campo
A reforma trabalhista, sancionada neste mês pelo governo federal, prevê alterações que poderão refletir no dia a dia dos empregados rurais. Uma das preocupações é a regulamentação do trabalho intermitente, que permite que o patrão dispense o funcionário quando não há demanda por mão de obra. Esta nova regra impactará diretamente na remuneração no campo. A compensação das horas feitas a mais em épocas de plantio e colheita da safra é uma possibilidade que também causa apreensão no que diz respeito à saúde das pessoas envolvidas no processo.
Campereada mecanizada
A mecanização dos processos de trabalho atingirá em maior escala as tarefas hoje desempenhadas por equinos e cães. O uso de cavalos para manejar os rebanhos será uma prática em desuso, tendo em vista o aumento da preocupação com o bem estar animal e maior utilização para fins de esporte e lazer. Equipamentos como motos e quadriciclos, hoje já adotados na lida de várias fazendas, ganharão espaço. Entretanto, esta mudança ocorrerá vagarosamente, uma vez que há fatores culturais envolvidos, principalmente considerando-se a tradição gaúcha de realizar a lida no lombo do cavalo.
Pessoal mais qualificado
O peão, trabalhador do campo geralmente designado a desempenhar o serviço pesado, passará a ter um novo perfil. Nas próximas décadas, os funcionários rurais terão maior conhecimento técnico para tomar as melhores decisões. Com a conscientização dos gestores sobre a importância de qualificar as equipes, os empregados estarão frequentemente participando de cursos de formação profissional. Esta mudança ocorrerá de forma gradual e resultará em salários mais atrativos e até pagamento de participação nos resultados.
Capataz virou gestor rural
A antiga função de capataz da fazenda, indivíduo que chefia os trabalhadores rurais, aos poucos se modifica e ganha novo perfil, mais voltado à administração de empresas. Acompanhando as tendências de mercado, irá se transformar em gerente, com noções que permeiam diversas áreas, desde finanças até marketing, com aptidão, inclusive, para negociar a produção. Os mais diferenciados terão até formação internacional.
Extinção do operador
Dando sequência à era dos tratores sem operador, no futuro, os pulverizadores e as colheitadeiras também serão acionados por controle remoto. Essas máquinas poderão trabalhar 24 horas por dia, sete dias por semana, o que facilitará a implantação das lavouras e a colheita dentro das janelas de tempo recomendadas para maior produtividade. Para reduzir o risco de acidentes, os equipamentos terão câmeras e sensores que desviam de obstáculos e evitam colisões.
Fontes: Fetag, Fetar e Senar