O grande desafio do agronegócio do futuro é quebrar a barreira existente entre o produtor e as novas tecnologias de forma a viabilizar um maior aproveitamento das possibilidades que as máquinas oferecem ao campo. O tema foi abordado durante a palestra do professor da USP Rafael Vieira de Sousa, durante Campo em Debate – O Futuro do Agronegócio, realizado no Teatro da PUCRS, na manhã desta terça-feira (14), em Porto Alegre. O especialista citou o avanço do uso da internet, do compartilhamento de dados e de sistemas de Big Data, que permitem interface entre todas as informações e atividades das propriedades rurais. Assim, indica o professor, é possível construir uma nova realidade para o agronegócio, fortalecendo o conceito de fazendas inteligentes.
Sousa confia nos avanços da robótica para qualificar a produtividade no campo. Segundo ele, em 2050, o mundo terá 9 bilhões de robôs, mesmo número de habitantes projetado para o planeta. Boa parte deles estará a serviços do agronegócio, setor que hoje responde por 25% do PIB do País, 45% das exportações e 35% dos empregos. Os equipamentos, cita ele, se valerão cada vez mais da chamada "tecnologia on the go”, que analisa o solo e, com base nesses resultados, adota medidas para intervir de forma a maximizar resultados. Com isso, ganha força a agricultura de precisão. Para o especialista, o conceito nada mais é do que a aplicação de técnicas de manejo individualizadas em que a tecnologia é apenas suporte. Ele lembrou que, de 1975 a 2015, a produtividade aumentou 3,5% ao ano. A expansão, que antes era feita basicamente com aumento de área plantada, hoje está lastreada em inovação.
— Antes, quando se queria elevar a produção se comprava mais terras, agora se investe em tecnologia.
O professor da USP, que ministra aulas em fazenda-escola da USP em Pirassununga (SP), ainda reforçou a necessidade de formação de profissionais da área de engenharia para o desenvolvimento de equipamentos de ponta voltados para a produção rural.