O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, ressaltou os compromissos firmados pelo Brasil durante a Convenção do Clima (COP-26), realizada em Glasgow, na Escócia, como a meta de neutralidade de carbono até 2050, fim do desmatamento até 2028 e a assinatura no compromisso de redução de 30% da emissão de metano até 2030.
— Agora o momento é dos grandes países, a União Europeia, os países ricos, o G7, mostrarem também um movimento claro para trazer uma solução. E a solução é econômica, a emergência é financeira — afirmou.
Momentos antes, Leite disse que a disponibilização de US$ 100 bilhões por ano de países ricos a países em desenvolvimento é insuficiente para que todos possam buscar suas metas e citou o estudo de um banco que já falaria da necessidade de US$ 5 trilhões por ano.
— A emergência para a gente transformar uma economia global numa economia verde na velocidade que todos desejam, inclusive o governo federal, é financeira — reforçou.
O governo, conforme o ministro, deixou claro que os bancos federais têm US$ 50 bilhões alinhados com essa nova economia verde.
— O governo federal entende que o futuro é verde, mas o presente do Brasil já é verde também — disse mencionando atividades ligadas à reciclagem.
Segundo ele, os exemplos mostrados durante a COP são políticas e atividades que já ocorrem no país, como a de redução de emissão de metano.
— O Brasil tem políticas públicas, tem leis, tem ações do governo — citou, dizendo que o pavilhão será usado para mostrar aos participantes da Convenção o "Brasil real".
Ele mencionou também vários projetos ambientais que existem no país.
Para o ministro, o maior desafio que existe no Brasil é criar o serviço de defesa ambiental em suas diversas formas. E isso, de acordo com ele, virá de carbono, de ecoturismo, de bioeconomia e de empreendedorismo. Outro "gigantesco desafio" apontado por leite é o financiamento do clima, principalmente para países mais frágeis do que o Brasil. Na COP-26, que conta com 194 países participantes, o papel do Brasil, conforme ele, é criar um consenso multilateral para que se rume de forma justa para uma nova economia verde.
—Qual é o grande desafio que nós temos? Financiamento. O desafio não é punir, proibir ou parar. É acelerar na direção de uma nova economia verde — argumentou.
A saída para isso é por meio de incentivo e inovação, conforme o ministro. Segundo ele, os próximos quatro dias de evento serão de muitas negociações.
— Vamos defender os interesses do Brasil em primeiro lugar, mas buscando o consenso global — garantiu.
Leite voltou a dizer que especialmente os países ricos têm de contribuir efetivamente com os recursos, enquanto os países que geram mais emissões também têm que aderir a todas as políticas que o Brasil já tem internamente.
Amadurecimento
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse hoje que houve um amadurecimento da sociedade brasileira em torno das questões ligadas ao meio ambiente.
— Há evidentemente, nitidamente, compreensão de uma consciência da sociedade muito diferente do que havia antes sobre clima, meio ambiente — afirmou durante a abertura do "Dia da Indústria", organizado no Pavilhão Brasil na COP-26, em Glasgow, na Escócia.
Pacheco salientou que as questões estão mais presentes na vida dos jovens, e que há mais destinação para o lixo, entre outros itens que mencionou como uma "reflexão".
— Essa consciência, muito antes da indústria se conscientizar, muito antes da classe política e dos governos, havia uma conscientização da imprensa. A imprensa já há bastante tempo vem nessa campanha, nessa toada de defesa do meio ambiente — disse, acrescentando a defesa de que era possível preservas o meio ambiente mesmo com desenvolvimento econômico.
O presidente do Senado comentou que hoje se reconhece o que, antes, para alguns, parecia ser um discurso poético, romântico, utópico, tornou-se uma "realidade inafastável".
— A preservação do meio ambiente e as preocupações com a realidade climática são temas que só podem andar para frente, não podem mais andar para trás — comparou. — Além de um discurso de responsabilidade ambiental, hoje é um discurso inserido no capitalismo nacional e mundial.