O governo australiano comunicou nesta segunda-feira (8) que continuará produzindo carvão por décadas. A decisão do país vai contra o acordo proposto durante a cúpula do clima COP26, que está acontecendo em Glasgow, no Reino Unido.
Até o momento, mais de 40 países se comprometeram a eliminar o uso do carvão durante as próximas décadas. O acordo foi firmado na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), e tem como objetivo reduzir o aquecimento global para uma faixa entre +1,5°C e +2°C .
Além da Austrália, outros países que são grandes consumidores de carvão, como China e Estados Unidos, também optaram por não cumprir o compromisso proposto por outras nações.
— Dissemos muito claramente que não fecharemos as minas de carvão e não fecharemos as centrais elétricas movidas a carvão — disse Keith Pitt, ministro australiano de Recursos, à ABC.
De acordo com Pitt, o carvão produzido na Austrália é um dos que tem maior qualidade do mundo, e parar a produção do combustível iria interromper um mercado altamente lucrativo. O ministro prevê que a demanda pelo produto irá crescer ainda mais até 2030.
— Se não ganharmos esse mercado, outros vão fazer isso — declarou Pitt.
Segundo relatório divulgado pela Australian Institute, o país é o terceiro maior exportador e o quinto maior explorador de carvão mineral do mundo. Outra fonte de energia produzida pela Austrália é o gás natural.
As exportações de carvão representam US$ 36,7 bilhões de lucro anual para o país. O produto é o segundo mais exportado na Austrália, atrás apenas do minério de ferro. Além disso, a indústria deste ramo conta com 50 mil empregos diretos.
Devido ao intenso uso dos combustíveis fósseis, no ano passado, a Austrália passou por períodos de secas e incêndios florestais. De acordo com os ambientalistas, se o país não modificar sua produtividade energética, poderá sofrer uma perda de bilhões de euros.
Em outubro, o primeiro -ministro Scott Morrison anunciou a meta de atingir a neutralidade de carbono até 2050. No entanto, o plano foi criticado por parte da população e representantes políticos, com a justificativa de falta de detalhamento e dependência de avanços tecnológicos ainda desconhecidos.
Apesar da decisão de Keith Pitt, alguns grupos de mineração da Austrália, como a BHP, se comprometeram a parar de extrair carvão mineral.