O Rio Perequê, de onde partiu a mancha que se espalhou pelo mar entre Itapema e Porto Belo esta semana, está há dois anos sem monitoramento regular. Desde 2015, quando acabou o contrato da concessionária Águas de Itapema com a Univali, que fazia as análises, não houve mais acompanhamento efetivo. A universidade chegou a bancar os testes por mais alguns meses, mas o projeto foi suspenso por falta de apoio.
O monitoramento era feito por oceanógrafos, professores da Univali. O projeto iniciou depois que centenas de peixes apareceram mortos no Rio Perequê e nas duas praias onde ele deságua, em Itapema e Porto Belo, no verão de 2014. Na época, a Fundação Área Costeira de Itapema (Faaci) detectou que o problema havia sido causado por despejo irregular de esgoto e autuou a Águas de Itapema, responsável pelo saneamento.
Os pesquisadores da Univali trabalharam durante um ano e a parceria terminou semanas antes da primeira mancha escura ser fotografada, em janeiro do ano passado. Os levantamentos apontaram que os principais problemas estão no Rio da Vovó e na Lagoa do Perequê, que fica em Porto Belo. Segundo a oceanógrafa Camila Marin, os testes apontaram para a presença de esgoto doméstico na água.
O problema é que os dois cursos d`água encontram o Rio Perequê. No ano passado, a presença de esgoto favoreceu a proliferação de microalgas que resultaram na mancha escura fotografada no mar. Como não há acompanhamento, ainda não é possível afirmar se a mancha que apareceu esta semana teve a mesma origem.
Camila diz que a atenção ao Perequê é necessária porque o rio tem um ecossistema importante, com a presença de um mangue — berçário da fauna marinha — que absorve boa parte do material poluente. Não fosse o filtro natural a situação seria ainda pior, afirma a pesquisadora.
Este ano, em 22 coletas feitas pela Fatma no canto da Praia do Perequê, próximo à foz do rio, apenas uma resultou em qualidade própria para banho. No ano passado foram apenas oito resultados positivos.
A prefeitura de Porto Belo informou que vai entrar em contato com a Univali e tem interesse em retomar a parceria. A prefeitura de Itapema e a concessionária Águas de Itapema foram procuradas, mas ainda não informaram sobre o interesse em reativar o monitoramento.