Técnicos da Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema (Faaci) avaliaram nesta quarta-feira as condições do mar e do Rio Perequê, entre Itapema e Porto Belo. Imagens feitas com um drone pelo fotógrafo Daniel Gustavo, na terça-feira, mostram uma mancha vindo do rio e se espalhando pelo mar.
Diego Furtado, presidente da Faaci, disse que os fiscais não encontraram a causa da mancha. Como a maré havia subido e o rio já estava mais claro, rastros de uma possível fonte de poluição não puderam ser localizados.
Esta não é a primeira vez que imagens aéreas mostram as águas do Perequê manchando o mar. Em janeiro de 2016 a mancha escura, em plena temporada de verão, demandou uma operação dos órgãos ambientais e foi alvo de inquérito do Ministério Público Federal.
Havia suspeita de derramamento de esgoto, que não foi confirmada. Mais tarde, análises laboratoriais feitas pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma) indicaram que não houve aumento no índice de coliformes fecais no mar, o que descartou a hipótese de esgoto irregular.
A Fatma concluiu que a causa da mancha foi a proliferação de uma espécie de microalgas. Semanas depois, um laudo de pesquisadores da Univali mostrou que as microalgas indicadas pelo órgão ambiental vieram da Lagoa do Perequê, que deságua no rio, e se multiplicaram por uma junção de fatores: água parada, sol, calor e alta concentração de nutrientes inorgânicos vindos do esgoto doméstico.
Pode-se dizer que o despejo irregular de esgoto era a causa primária, que teve como consequência a proliferação das microalgas e a acentuou a mancha escura partindo do rio.
Arno Gesser Filho, gerente regional da Fatma em Itajaí, avaliou a imagem e disse que se trata do mesmo problema ocorrido no ano passado. Segundo ele, os técnicos responsáveis pela balneabilidade vão verificar se houve alguma alteração significativa na qualidade da água do mar.
A prefeitura de Porto Belo ainda não se manifestou sobre o caso.
Cautela
O oceanógrafo Márcio Tamanaha, professor da Univali e um dos pesquisadores responsáveis pelo laudo ano passado, diz que só será possível apontar qual a causa da mancha após coletar amostras. A olho nu, diz ele, não se pode determinar que se trate do mesmo microorganismo que causou o problema no verão passado.
Ligações clandestinas
Nos próximos dias, técnicos da Faaci vão subir o curso do Rio Perequê em busca de pontos de despejo irregular de esgoto. Um levantamento feito em parceria com a Conasa Águas de Itapema, concessionária responsável pelo abastecimento de água e o saneamento, revelou que cerca de 1,3 mil imóveis têm ligações irregulares em Itapema. Até agora, 800 proprietários foram notificados para que façam a regularização, sob pena de multa e denúncia ao Ministério Público.
Falta ainda, no entanto, alinhamento com a prefeitura de Porto Belo para resolver o problema do Rio Perequê.
* As informações são da colunista Dagmara Spautz, do Diário Catarinense