São tantos pontos inacreditáveis que essa história poderia ser roteiro de filme. Joelmar Pereira Rodrigues, 28 anos, sofreu um acidente de carro no último domingo (1º), em Tapera, na Região Norte, à margem da ERS-332.
O automóvel que ele dirigia, um Corsa, capotou e caiu de um barranco de aproximadamente cinco metros de altura. Ele sobreviveu, mas ficou preso nas ferragens. Porém, como o carro caiu em meio a um matagal, durante a noite, ninguém viu. Por isso, ele ficou esperando por socorro por cerca de 40 horas.
Ainda no domingo, a família deu falta de Rodrigues, que trabalha como montador de galpões pré-moldados e fora a um aniversário no bairro Vila Paz, mas aguardou até a segunda-feira (2) de manhã, pensando que ele poderia voltar para casa, uma vez que ele estaria se relacionando com uma jovem de Tapera, segundo a irmã dele, Aline Rodrigues. Porém, ele não atender ao celular acendeu o sinal de alerta, e os parentes começaram a agir. Acionaram a polícia e, além disso, decidiram procurar por conta própria.
Na terça-feira (5) pela manhã, a mãe de Rodrigues, Catharina de Fátima Pereira, juntamente com o seu genro, Luiz Fernando da Silva, foram até a delegacia de Tapera registrar ocorrência. Na volta para casa, onde eles pretendiam comer e se preparar para sair "campereando" atrás do desaparecido. Silva, que é cunhado de Rodrigues, decidiu parar o carro à beira de um barranco, na chuva, e procurar pelo rapaz.
— O meu cunhado parou perto desse mato e começou a olhar. A minha mãe até disse para ele que não adiantava ir ali, porque estava chovendo e com muito barro. Eles não iam conseguir ver nada. Era para eles irem para casa, colocar umas botas e coisa, até para ela conseguir ir ajudar a procurar. Só que o meu cunhado não deu ouvido para a mãe. Pegou, parou o carro, desceu e foi reto, entrou naquele mato. Bem de encontro. Quando achou ele lá embaixo, começou a chamar pelo nome dele e ele respondeu — conta a irmã de Joelmar, Aline Pereira Rodrigues.
Assim que a família encontrou o montador, acionou o resgate e começou a limpar o matagal em volta do acidente, para facilitar o trabalho dos socorristas. De acordo com o soldado João Antônio Paulus Santos, bombeiro responsável pelo atendimento, em seus nove anos de corporação, nunca tinha visto alguém sobreviver a um acidente como este. Ele detalhou que Joelmar somente sobreviveu porque o carro, antes de chegar ao fundo do barranco, bateu em um coqueiro e amassou. O automóvel, então, caiu por cima do condutor, justamente na parte que estava amassada, não esmagando o motorista, que ficou apenas com o braço preso.
— Ele estava consciente, mas muito fraco, com hipotermia, porque estava chovendo. Ele estava um pouco desorientado, ele só queria saber de sair dali. A hora que a gente saiu, todo mundo bateu palma, a família chorando, foi emocionante — conta o soldado Santos, que afirma que o resgate levou cerca de 1h20min.
Recuperação
Assim que foi resgatado, Rodrigues foi enviado para o Hospital Municipal Roque Gonzalez, de Tapera. Lá, ele fez drenagem de líquidos de um dos pulmões. Depois, o montador foi transferido para a emergência do Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo, onde fez drenagem no outro pulmão. O montador teve fratura de uma costela, da clavícula, assim como uma lesão no braço e uma na coluna, mas sem gravidade — segundo Aline, ele vai precisar usar temporariamente um colete, quando deixar o hospital. A irmã e a mãe explicaram que Joelmar está "fora de perigo" e se recuperando, consciente, mas com alguns episódios de alucinações. Ainda não há previsão de alta.