As rodovias estaduais e federais no Rio Grande do Sul concentraram 11,3 mil mortes nos últimos 10 anos, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS). A BR-116 segue ocupando o primeiro lugar do ranking. De 2011 a 2020, a rodovia, que cruza o Estado entre a divisa com Santa Catarina, no Norte, e Jaguarão, no Sul, somou 893 óbitos. O levantamento do Detran leva em conta mortes decorrentes de acidentes até 30 dias após a ocorrência.
A BR-116 é seguida de perto pela BR-386, com 892 mortes, e pela BR-290, que acumula 739 óbitos no período. Essas três vias federais representam 22,29% do total de mortes em rodovias no Estado nos últimos 10 anos. As BRs 285, com 565 óbitos, e 392, com 462, completam o top cinco do levantamento.
O chefe do Setor de Segurança Viária da Polícia Rodoviária (PRF) no Rio Grande do Sul, Marcelo Saturnino, afirma que, além de receberem grande fluxo de veículos diariamente, essas três rodovias têm ligação com a Região Metropolitana, fatores que ajudam a explicar o maior número de acidentes. Saturnino também coloca nessa equação a extensão das estradas.
— Nos casos da BR-116 e da BR-290, elas praticamente cortam o Estado de Norte a Sul e de Leste a Oeste. A BR-386, apesar de não ser tão grande quanto as outras, é uma das duas principais ligações que nós temos com o resto do Brasil, região norte do país — explica o chefe de de Segurança Viária da PRF.
Ao elencar os principais fatores para garantir uma direção mais segura e diminuir a chance de acidentes em rodovias, Saturnino afirma que manter a atenção no trânsito é fundamental. Consumo de álcool e o uso de celular ao volante estão entre as infrações que podem diminuir a atenção dos motoristas, segundo o chefe de de Segurança Viária da PRF:
— O ideal é sair de casa com tempo suficiente para viagem, ver se meu carro está bom e no caminho tem que ter atenção ao trânsito. Porque se eu eu tirar o olho da pista, não vou prestar atenção na sinalização. Se eu não confiar na sinalização, não entender ela, tenho tendência a fazer coisas erradas.
Rodovias estaduais
Entre as rodovias estaduais, RS-122, RS-324 e RS-287 são as mais mortais no período, totalizando juntas 1,1 mil mortes.
No caso da RS-122, o comandante do 3° Batalhão Rodoviário da Brigada Militar (BRBM), major Rafael Tiaraju de Oliveira, cita o grande fluxo de veículos na rodovia, uma das mais movimentadas da região, e trechos de curvas sinuosas como fatores que ajudam a explicar o maior número de mortes:
— Esse somatório de características, grande movimentação de veículos, trechos de serra, trechos de área urbana, com muitos acessos, interseções e retornos no meio da pista, acabam explicando a quantidade de acidentes na RS-122.
Já em relação à RS-287, o major Robinson Marcos Garcia, comandante do 2° BRBM, elenca a presença de pista simples e o fluxo considerável de veículos somados à imprudência de parte dos motoristas como fatores que influenciam no maior número de mortes. Segundo Garcia, os trechos entre Taquari e Santa Cruz do Sul e entre Santa Cruz do Sul e Candelária são os pontos mais críticos da rodovia em relação à acidentalidade.
O grande fluxo de veículos, ligação com Santa Catarina, e alguns trechos sinuosos estão entre as características que explicam o fato de a RS-324 figurar na lista, segundo o comandante do 1° BRBM, major Marco Antônio Morais. Ele destaca ainda que o número de óbitos em acidentes na rodovia vem regredindo nos últimos anos em razão de melhorias na pista e da fiscalização.
Menos mortes em 2020
Na série histórica do Detran, que conta com dados desde 2007, 2020 é o ano com menor número de mortes em rodovias no Estado e apresenta a terceira queda seguida nesse indicador nos últimos anos. No ano passado, 924 pessoas perderam a vida nesse tipo de via — queda de 5.61% em relação a 2019.
Colocando uma lupa sobre os dados, a maioria das rodovias que ocupam os 10 primeiros lugares em mortalidade apresentou redução nas ocorrências na comparação com o ano anterior (veja abaixo).