Está prevista para o início da noite desta terça-feira (18) uma das melhores passagens dos satélites Starlink sobre a região do leste gaúcho. E mais importante: o céu estará aberto e ajudará na observação.
O projeto Starlink, idealizado em 2015 pela empresa aeroespacial SpaceX , do empresário Elon Musk, tem como objetivo cobrir o planeta com satélites para prover internet banda larga. O plano pretende criar uma mega constelação, formada por, pelo menos, 12 mil satélites em órbita.
Segundo o físico Érico Kemper, professor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e integrante da Rede Omega Centauri para o Aprimoramento da Educação Científica, o evento ocorrerá no céu gaúcho entre 18h29min e 18h35min. Kemper ressalta que, nesta terça, o evento será 52 minutos depois do pôr do sol (com o céu já bastante escuro) e em maior elevação no céu, garantido, dessa forma, passagem de bom brilho e fácil visualização. Logo, é necessário olhar para cima, quase no meio do céu.
— Valerá a pena olhar para céu e conferir o espetáculo proporcionado pela passagem de dezenas de pontos luminosos enfileirados pelas constelações. É a colocação em órbita do lote de 60 satélites, da SpaceX, em seu lançamento L27 para compor a plataforma de internet Starlink na órbita terrestre— explica o físico.
Para colocar cada grupo de satélites em sua órbita definitiva, cerca de 800 quilômetros de altura, são necessárias várias semanas de manobras e ajustes. Nos primeiros dias, logo depois do lançamento, esses objetos são facilmente visíveis dentro de determinadas condições, devido, principalmente, a proximidade que se encontram da superfície terrestre. Quando a altura desses satélites passa os 400 quilômetros, não são mais visíveis a olho nu.
— As luzes das cidades atrapalham uma boa visualização das passagens dos Starlink. Ir para um local de penumbra do pátio no fundo da casa, cerca de 15 minutos antes do início das observações, e não olhar para telas de tablets e smartfones nesse período fazem toda a diferença para ter sucesso na visualização do fenômeno. É importante que o local de penumbra escolhido esteja livre de obstáculos para a região do céu onde os satélites irão se deslocar — ensina Kemper.
Como conferir (conforme as ilustrações acima)
- Moradores das cidades litorâneas localizadas ao longo de toda costa gaúcha e costa sul catarinense, situadas sobre a linha Z do mapa geográfico, verão o “trem” de pontos luminosos surgir, um pouco acima do horizonte, na direção Sudoeste, passar no meio do céu, isto é, sobre a vertical do observador, e se deslocar na direção Nordeste. A trajetória do movimento desses satélites está representada pela linha Z, no mapa celeste 1. A estrela Canopus, a segunda mais brilhante do céu noturno (a primeira é Sirius), é o ponto de referência ideal, uma vez que ela está na direção Sudoeste, na altura de 45º, e se destaca pelo seu intenso brilho naquela região do céu.
- Em Porto Alegre e demais localidades posicionadas ao longo da linha A do mapa geográfico, as pessoas avistarão o movimento das luzes passando um pouco abaixo e à esquerda de Canopus. O observador deverá voltar o seu campo de visão para um ponto entre a direção Sul e a direção Sudoeste, na região do céu compreendida entre a estrela Canopus e a constelação do Cruzeiro do Sul.
- Observadores de localidades mais a Oeste, sobre a linha B do mapa geográfico, como de Bagé e Santa Cruz do Sul (litoral norte catarinense), deverão se voltar para Sul e olhar para a região do céu um pouco à esquerda e acima do Cruzeiro do Sul.
- Os residentes de Santa Maria, Passo Fundo e Caçador (SC) observarão os pontos luminosos pela trajetória representada pela linha B do mapa celeste 1. A melhor referência para essas pessoas é localizar a constelação do Cruzeiro do Sul e olhar para a região do céu imediatamente abaixo dela.
- Quem mora em Erechim, Palmeira das Missões, Cruz Alta, São Vicente do Sul e arredores, embora mais difícil, também podem apostar no êxito das observações. A partir de locais sem iluminação, somada à condição de céu muito limpo, as chances das observações serão boas. O avistamento dos satélites, para estas pessoas, se dará entre a constelação do Cruzeiro do Sul e a estrela Alfa Centauro. Estrela essa, devido ao seu brilho destacado (a terceira na classificação de mais brilhante) servirá como ponto de referência para decidir para onde olhar. Porém, para estas localidades, uma passagem mais alta dos satélites Starlink está prevista para a noite do dia seguinte, quarta-feira (19), entre às 18h38min e 18h45min. A estrela Sirius, a mais brilhante na direção Oeste, a 45º de altura, é a referência para a observação dessa passagem.