A Advocacia Geral da União (AGU) pedirá informações ao Banco Central nesta quinta-feira (26) sobre a cotação do dólar depois que o Google exibiu o valor errado da moeda em relação ao dólar nesta quarta-feira (25) de Natal. O órgão informou, por meio de nota, que quer reunir subsídios para eventual atuação relacionada à possível informação incorreta. O Estadão apurou que a intenção é acionar juridicamente a plataforma.
O buscador revela que a cotação desta quarta é de R$ 6,35, mas os mercados estão fechados por causa do feriado e não há negociações. Na véspera de Natal também não houve transações. A moeda americana com vencimento em janeiro de 2025, o contrato mais líquido, encerrou valendo R$ 6,2050. O dólar à vista – informação que é ofertada na plataforma – fechou ainda mais baixo, em R$ 6,1851.
O maior valor nominal do dólar em relação ao real foi atingido na quarta-feira da semana passada (18), quando a moeda foi negociada a R$ 6,267, quase R$ 0,10 abaixo da exibida hoje pelo Google. Esta não é a primeira vez que o buscador informa uma cotação errada, mas o caso agora chama mais a atenção porque nesta quarta os mercados estão fechados.
Procurado, o Google no Brasil respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que os dados em tempo real exibidos na busca vêm de provedores globais terceirizados de dados financeiros. "Trabalhamos com nossos parceiros para garantir a precisão e investigar e solucionar quaisquer preocupações", adiantou a plataforma. A empresa acrescentou que as informações sobre suas fontes de dados podem ser encontradas aqui.
O BC entregará os dados solicitados pela AGU a partir desta quinta. O presidente interino do Banco Central, Gabriel Galípolo, colocou a equipe de alerta, enfatizando a determinação aos funcionários que estão de plantão neste Natal. O atual diretor de Política Monetária comanda o BC no momento porque o presidente Roberto Campos Neto está em recesso até o fim do ano, quando expira seu mandato. Galípolo assume a partir de 1º de janeiro.
Procurada, a assessoria de imprensa do BC não quis comentar a situação. O Estadão apurou, no entanto, que a autarquia passará os dados à AGU, que teve a iniciativa de se aprofundar sobre o episódio. O relacionamento sobre o caso se dará de forma institucional entre os dois órgãos do governo.
O mercado cambial tem passado por momentos de muita volatilidade desde o início do ano por vários motivos. Um deles é a saída significativa de recursos, como revela semanalmente o BC por meio das operações de dólar contratado. As remessas costumam ser maiores no último mês de todos os anos, mas, em 2024, recordes vêm sendo batidos. Para prover liquidez ao mercado, o BC vem ofertando moeda em valores atípicos para o período.