Um anel de fogo, esta é a aparência do buraco negro. A imagem da estrutura foi revelada pela primeira vez na manhã desta quarta-feira (10), em Bruxelas, na Bélgica. O anel brilhante está no centro da galáxia Messier 87 (M87), a cerca de 55 milhões de anos-luz da Terra, e é formado a partir da luz que se dobra na gravidade em torno do buraco, que é 6,5 milhões de vezes mais massivo do que o Sol. Para se ter uma ideia, este corpo celeste tem 40 bilhões de quilômetros de diâmetro, ou seja, aproximadamente 3 milhões de vezes o tamanho da Terra, afirmaram os cientistas envolvidos na descoberta.
A captura da imagem foi possível graças ao trabalho conjunto de pesquisadores de diversos países. Por meio do projeto Event Horizon Telescope (EHT), uma rede interconectada de oito telescópios ao redor do mundo foi instaurada. Os instrumentos envolvidos foram o Alma e o Apex, ambos no deserto do Atacama (Chile); o Iram, em Serra Nevada (Espanha); o James Clerk Maxwell (JCMT) e o Submillimeter Array (SMA), no Havaí (EUA); o Submillimeter Telescope (SMT), no Arizona (EUA); o Large Millimeter Telescope (LMT), no México; e o South Pole Telescope (SPT), na Antártida.
Este é o instrumento de maior resolução da história da astronomia já usado para tentar registrar a imagem de um buraco negro a 55 milhões de anos-luz de distância. Um dos pesquisadores da EHT, Avery Brodericjk, afirmou em coletiva de imprensa que este "é um momento extraordinário na ciência".
Avanços para a ciência
O astrônomo e professor de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luiz Augusto da Silva, explica que, com esta fotografia, a Teoria da Relatividade, desenvolvida por Albert Einstein, fica ainda mais fortalecida.
— A M87 é uma galáxia gigante. É chamada, inclusive, de canibal porque ela engoliu as que eram menores do que ela e boa parte do material absorvido por ela acabou parando em seu núcleo. Isso fez com que a massa deste buraco negro aumentasse mais. Com uma massa tão concentrada, nada escapa do seu centro gravitacional, não há velocidade que consiga vencê-lo, nem mesmo a velocidade da luz — diz o professor.